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    Miguel Paiva

    Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia

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    O vírus do fascismo

    O fascismo beneficia uma casta pequena e comandante da economia de mercado que não necessita da ajuda da classe média para sobreviver

    (Foto: Miguel Paiva)

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    É como aquela doença que custa a ir embora e às vezes vai, mas fica sempre o vírus no ar. É isso. O fascismo é um vírus que não desaparece. Nós o evitamos com os cuidados a serem tomados e as vacinas existentes. A melhor de todas é a Democracia, com seu antídoto e elementos que evitam o mal maior. Você não fica curado, mas pode viver a vida toda com sustos previstos que te obrigam a estar alerta.

    É assim que estamos tentando reconstruir um país, entrar na rota do crescimento novamente, eliminar a fome e outras situações vergonhosas e exercer o direito à cidadania que nos foi roubado faz um tempo.

    Os fascistas não desistem. Dependendo da competência deles podem ser mais perigosos. Ainda não conseguimos classificar os nossos. Demonstram incompetência próxima ao cômico, mas ao mesmo tempo usam e fazem propaganda das armas, matam, agridem, ofendem e abusam das redes sociais. Continuam nos ameaçando com mentiras e com a total ignorância dos fatos e da realidade. Não querem saber e como bom gado que são só escutam o patrão. Bolsonaro bate direto no desejo deles com aquela ignorância, rudeza e violência peculiares. Roubam, se apoderam, desvirtuam com tamanha desfaçatez para satisfazer essa parcela do eleitorado que se formou na ignorância, na falta de civilidade e de humanismo. São pessoas duras, sem sensibilidade e sem projetos coletivos. Vivem a vida sem propósito maior que pisar no próximo para tentar subir um pouco mais nessa escada ilusória da classe média fascista. Eles formam a base de apoio não político, mas prático de uma ideologia da violência. Mal sabem eles que não serão nunca beneficiários de um eventual sucesso no poder.   

    O fascismo beneficia uma casta pequena e comandante da economia de mercado que não necessita da ajuda da classe média para sobreviver. Vive da especulação de um dinheiro que, aí sim, a classe média ajuda e contribui, mas não vê retino, ou melhor não tem cashback, para usar um termo que eles adoram.

    A democracia é inimiga desde que os eleja. Eles usam, abusam, exigem que a democracia funcione para que eles tomem o poder. Criticaram a manobra parlamentar que o Senador Randolfe usou para aumentar a participação do governo na CPMI. Ora, ora, o que eles queriam? Colocar os próprios investigados para investigar. É assim que eles agem. Usam as prerrogativas democráticas para desvirtuar e ao tomar o poder acabar com ela. Já vivemos isso na tentativa de implantação do governo Bolsonaro, na eleição democrática ameaçada e na tentativa de golpe. O fascismo é esse vírus. Está ali na virada da curva espreitando. Assim como nos vacinamos contra a Covid vamos atualizar a vacina da democracia como único método eficaz de evitar essa doença.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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