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    Luiz Eça

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    Ocupação custa bilhões aos palestinos

    Uma receita de US$ 3,4 bilhões, segundo o Banco Mundial, poderia ser gerada caso fossem canceladas as restrições de movimentos, acesso à terra e uso de água impostas por Israel

    Relatório do World Bank (Banco Mundial) informa que com a ocupação israelense da Margem Oeste (Cisjordânia), a economia palestina perde 3,4 bilhões de dólares anuais, o equivalente a 35% do seu PIB.

    Essa receita, segundo o World Bank, poderia ser gerada caso fossem canceladas as restrições de movimentos, acesso à terra e uso de água impostas por Israel aos palestinos.

    Diz o relatório: "Mais da metade das terras da Margem Oeste, a maior parte da sua agricultura e recursos naturais são inacessíveis aos palestinos".

    E assinala que, no fim de 2012, 60 comunidades palestinas eram obrigadas a percorrer caminhos duas a cinco vezes maiores do que o caminho direto para a cidade mais próxima.

    Isso acontece particularmente na chamada Área C, a mais importante do país.

    Conforme disposição do Acordo de Oslo, a Margem Oeste foi dividida em 3 partes: Área A, com administração e segurança palestina; Área B, administração palestina e segurança pelo exército israelense e Área C, totalmente sob o exército de Israel.

    Na área C, que representa 61% da Margem Oeste, as terras de agricultura dividem-se entre palestinos (326.400 dunams) e assentamentos israelenses (187.000 dunams), ilegais segundo a ONU e o Direito Internacional.

    Enquanto os assentamentos, ilegais pelo Direito Internacional e a ONU, recebem considerável ajuda econômica do governo de Israel, os fazendeiros palestinos não recebem nada.

    Pior do que isso: o exército israelense impõe bloqueios e restrições de vários tipos no acesso às cidades da região e aos suprimentos de água, o que prejudica sensivelmente os agricultores palestinos.

    Afirma Marian Sherman, do World Bank: "Liberando o potencial dessas 'terras restritas' e permitindo aos palestinos explorarem seus recursos, seriam liberadas novas áreas à atividade econômica e colocaria a economia no caminho do crescimento sustentável."

    A região do Mar Morto é uma área de alto valor econômico, onde os empreendimentos palestinos não estão autorizados a atuar.

    Só israelenses podem aproveitar seu rico potencial, embora 1/3 da região fique em território da Palestina.

    O grupo judaico "Quem Está Lucrando Com a Ocupação?" denuncia que a lama usada pela empresa de cosméticos Ahava é tirada de praias na parte palestina do Mar Morto. Sem compensação ou autorização dos palestinos, o que torna essa exploração ilegal.

    Há outros exemplos de ações desse citada, conforme o "Quem Está Lucrando com a Ocupação?".

    Diz o relatório do World Bank que o acesso palestino ao Mar Morto daria condições para a exploração de minérios (potássio e bromo) e do turismo.

    Os minérios trariam para a economia palestina 916 milhões de dólares anuais ou cerca de 6,5% do seu atual PIB.

    Criando-se um hotel resort no Mar Morto, o ganho seria de 126 milhões, 1% do PIB.

    A mineração de rochas e pedreiras, indústrias de construção e de telecomunicações poderiam ser desenvolvidas se a região do mar Morto não estivesse fechada para os palestinos.

    Mesmo que o governo de Telaviv concordasse nas liberações sugeridas pelo World Ban, ou elas viessem com a independência da Palestina, não seria rapidamente que os problemas do país se resolveriam.

    "A alternativa é sombria", afirma Sherman. "Sem a possibilidade de utilizar o potencial da Área C, o espaço econômico permanecerá fragmentado e deficiente. O cancelamento das múltiplas restrições poderia transformar a economia e melhorar substancialmente as perspectivas de um crescimento sustentável."

    Do que depender do governo de Telaviv, isso dificilmente acontecerá.

    Ele já condenou o relatório do World Bank, taxando-o de parcial e tendencioso.

    O que parece estar longe da verdade.

    O World Bank foi fundado para promover o desenvolvimento econômico no mundo. É de propriedade de 188 nações dos quatro continentes.

    Para variar, os EUA pesam mais nas suas decisões, pois são os maiores acionistas. Aliás, o presidente do banco é sempre um cidadão americano.

    Não dá para imaginar que um banco sob influência de Washington seja "parcial e tendencioso" contra Israel...

    Para as recomendações do banco serem aceitas, só mesmo quando a Palestina se tornar um Estado independente, livre da ocupação israelense.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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