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Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

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Onde lavar a roupa suja

Pequenos elencos de ressentidos, fazendo papel de bobos na corte de Tio Sam, deprimem a nossa nacionalidade

Dep. Nikolas Ferreira (PL - MG) (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

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O recente episódio da ida de bolsonaristas ao congresso norte-americano nos envergonha a todos. Lembra aquelas cenas de rancor explícito oferecidas às vezes por casais rompidos, quando, em público, um fala mal do outro. No entanto, é pior. Representam, ao seu modo, um espetáculo de degradação baixa e ridícula, como se, dadas as sucessivas derrotas que apresentam na política, nada lhes sobrasse a fazer a não ser chorar no colo do papai, isto é, dos estrangeiros. Ainda por cima, não conseguiram ouvir calados as reprimendas de duas parlamentares que os trataram como se tratam e devem ser tratados seres inferiores. O renegado Paulo Figueiredo, o neto do velho general da ditadura, constituindo residência nos EUA, já que no Brasil pode ser preso, precisou ouvir da boca de uma das interlocutoras a marca de suas contradições, falando em democracia e defendendo a ditadura militar.

Em situações mais severas, aqueles radicais da direita, Girão, Bananinha, Gayer, Nicolas, Kicis, etc. deveriam ser proibidos de regressar ao Brasil e a suas funções de parlamentares, já que conspiraram com potências alheias para nos difamar e prejudicar interesses nacionais. Nas brigas de cônjuges decepcionados, a evolução de negações termina nos limites da ausência de dignidade. Os participantes de tais disputas, perdendo as estribeiras, cheios de lama para atirar no ventilador, sujam-se irremediavelmente. Não lhes passa pela cabeça que um fim é apenas um fim, devendo, ao contrário, sugerir inovações mais excitantes. Os bolsonaristas fantasiados de opositores (pois perderam esse qualificativo de traço positivo) terão de regressar ao nosso território e enfrentar o desastre: a pecha de traidores, uma vez que negociar com autoridades estrangeiras temas de caráter nacional, não pode ser entendido de outra forma. Cabe desfrutar, no mínimo, de um perfil duvidoso, para não falar em pura e simples baixeza, considerando que não hesitaram em comprometer nossa frágil, mas tenaz democracia. Uma democracia que resistiu aos golpes de 8 de janeiro, uniu situação e contestadores e continua correta na linha do horizonte. Não só por isso, também para mostrar que criminosos devem ser punidos, processos tramitaram no Supremo Tribunal Federal e continuam tramitando para levar infratores à cadeia. Mesmo com as prisões cheias, nota-se que há mais candidatos a se registrarem nos presídios em suas listas de chegada, porque os grandes e os espertos devem ainda ser julgados...

A História de um país reúne heróis e vilões. A nossa não parece diferente. Quem quer que haja transitado pelas altas estruturas do poder não ignora que gestos e afirmações doravante, enquanto lá circulam, possuem um peso que, eventualmente, fica para ser estudado pelos nossos descendentes. Daí a importância de discursos em plenário, no púlpito ou na plateia, enquanto os que lá se acham escutam reverencialmente. Frases de Ulisses, Tancredo, Getúlio Vargas não deixam de ecoar em nossas mentes. Com qualidades e defeitos, participaram dos esforços para afirmar e desenvolver nossa cultura, assim como as’ artes e a literatura. Pequenos elencos de ressentidos, fazendo papel de bobos na corte de Tio Sam, deprimem a nossa nacionalidade. Que sofram as maldições do repúdio, eis o troféu que conquistaram. 

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