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    Heraldo Campos

    Graduado em geologia (1976) pelo Instituto de Geociências e Ciências Exatas (UNESP), mestre em Geologia Geral e de Aplicação (1987) e doutor em Ciências (1993) pela USP. Pós-doutor (2000) pela Universidad Politécnica de Cataluña - UPC e pós-doutorado (2010) pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP)

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    Onde ponho meu guarda-sol?

    Esse processo expansionista, cruel, com esse tipo de ocupação da faixa de areia pelo comércio local tem alguma conexão com a onda de privatização das praias?

    Praia do Perequê Açú, Litoral Norte de São Paulo (Foto: Heraldo Campos)

    Outro dia fiquei chocado. Andando na calçada ao lado da ciclovia, na popular praia do Perequê Açú, em Ubatuba, Litoral Norte do Estado de São Paulo, com uma faixa de areia com cerca de 2 quilômetros de extensão [1], vi um casal e filho cego, os três bem obesos, provavelmente frequentando pela primeira vez essa praia, procurando uma brecha, por volta das 9 horas da manhã, num pós 01/01/2025, para passar algumas horas.

    Não vi o desfecho da cena, da procura do casal para colocar seu guarda-sol, porque há tempos, nas temporadas de verão e períodos de férias, logo no início da manhã a praia praticamente já está ocupada pelas cadeiras, mesas e guarda-sóis dos quiosques locais, deixando muito pouco espaço para um turista de ocasião. Por esse motivo, uma primeira pergunta é: se um turista chegar antes das 7 horas da manhã, para passar algumas horas na praia e fincar seu guarda-sol familiar, antes da inundação de cadeiras e mesas dos quiosques, será solicitado para sair dessa parte da praia pública?

    Outra pergunta que pode ser feita é: esse processo expansionista, cruel, com esse tipo de ocupação da faixa de areia, pelo comércio local, tem alguma conexão com a possível onda de privatização das praias [2], sempre muito falada, em uma área da orla do Litoral Norte, entre as cidades de Caraguatatuba e Ubatuba, que distam 50 km uma da outra, e que chamá-la de Avenida Caraguatatuba-Ubatuba, não seria totalmente incorreto [3]? Inclusive, corre a notícia da duplicação da Rio-Santos nesse cobiçado corredor.

    Nesse cenário apresentado, está mais do que na cara que existe um conflito, onde espaços públicos deveriam estar livres para um cidadão comum colocar o seu guarda-sol e poder desfrutar de alguns momentos de lazer. “Arrisquei muita braçada / Na esperança de outro mar / Hoje sou carta marcada / Hoje sou jogo de azar” (trecho da música “Ana de Amsterdan” de Chico Buarque de Holanda).

    Fontes

    [1] “A praia sem coronavírus”

    [2] “Privatizar praias é pedra cantada”

    [3] “Avenida Caraguatatuba-Ubatuba”

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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