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    Maria Luiza Franco Busse

    Jornalista há 47 anos e Semiologa. Professora Universitária aposentada. Graduada em História, Mestre e Doutora em Semiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com dissertação sobre texto jornalístico e tese sobre a China. Pós-doutora em Comunicação e Cultura, também pela UFRJ,com trabalho sobre comunicação e política na China

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    Onde você esconde seu colonialismo?

    Determinadas análises sobre o que vem acontecendo na Venezuela levam a um personagem da literatura que tem por distração investigar crimes

    Nicolás Maduro e comando militar em evento em Caracas (Foto: Leonardo Fernández Viloria/Reuters)

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    Determinadas análises sobre o que vem acontecendo na Venezuela levam a um curioso personagem da literatura que tem por distração investigar crimes mesmo sem qualquer vínculo oficial com os órgãos de segurança. As sensíveis observações e reflexões que desvendam os delitos mais cabeludos e insondáveis lhe valeram a mais alta consideração das autoridades. Ele não é Sherlock Holmes, mas também tem seu bordão para identificar a razão do permanente fracasso do chefe da polícia na busca de solução de qualquer caso: “ele nega o que é e explica o que não é”. 

    Em uma longa entrevista ao jornal digital espanhol El Diario, publicada no último 6 de agosto, o analista estadunidense Michael Paarlberg disse que “como alguém que se propõe articular uma visão de política externa progressista para os Estados Unido creio ser politicamente muito estúpido aliar-se ao regime de Maduro, além de ser moralmente incorreto”. Paarlberg é pesquisador associado do think tank Instituto de Estudos Políticos, professor da Universidade da Comunidade da Virgínia, e foi o principal assessor de Bernie Sanders para a América Latina durante a campanha do senador à presidência, em 2020, e a quem segue colaborando como conselheiro informal.

    Paarlberg afirma que a solução para a crise na Venezuela é o acordo de renúncia negociado com Maduro com garantias de saída do poder em segurança e sem perseguição judicial. O assessor considera “erro de cálculo” do Acordo de Barbados não ter feito plano de contingência antecipado para o “roubo” eleitoral que Maduro cometeria. 

    Sobre a ascensão da extrema-direita, a qual Paarlberg não se refere como extrema, a “culpa” é do Maduro. Segundo o assessor, o governo “autoritário” vem deixando o país à míngua, sem comida, remédio e demais gêneros básicos, motivo da fuga emigratória de cerca de 8 milhões de venezuelanos e venezuelanas. Desse total, até o momento o Brasil recebeu 550 mil, grande parte vivendo nas ruas subempregados e em situação de vulnerabilidade.

    Nem uma linha sobre imperialismo. Nada sobre as consequências provocadas pelas sanções impostas pelo imperialismo. Nenhuma palavra sobre o assédio imperialista.

    Que nem o chefe da polícia, Michael Paarlberg nega o que é e explica o que não é. Assim, a mentalidade colonialista segue subjacente, até mesmo sem que o hospedeiro se dê conta. Como lembra Mario Lucio Sousa, poeta, cantautor, pintor, e ex-ministro da Cultura de Cabo Verde, descolonizar é preciso. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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