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    Fernando Castilho

    Arquiteto, professor e escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, a Sangria Estancada

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    Operação da Polícia Federal atinge Arthur Lira em cheio

    "Embora Lira não faça parte do núcleo duro do bolsonarismo, é certo que impediu como pôde o prosseguimento de qualquer pedido de impeachment de Bolsonaro"

    Arthur Lira (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

    O presidente da Câmara, ainda esta semana, durante a abertura do ano legislativo, do alto de sua cadeira imperial, chantageou e ameaçou o governo demonstrando toda sua arrogância. Trata-se de um jogo em que, segundo sua maneira de ser, ganha quem falar mais alto.

    Pois bem, embora Lira não faça parte do núcleo duro do bolsonarismo, é certo que impediu durante quatro anos como pôde o prosseguimento de todo e qualquer pedido de impeachment do então presidente. Suas digitais de bolsonarista estão estampadas na camiseta que vestiu durante a campanha para reeleição do inelegível.

    Mas a Polícia Federal acaba de deflagrar operações de busca, apreensão e prisão de elementos do núcleo duro do bolsonarismo. Por enquanto, Jair Bolsonaro só é obrigado a entregar seu passaporte e a não se comunicar com outros investigados.

    Se o bolsonarismo já vinha sentindo a perda de força, com as operações de hoje os deputados de extrema-direita recebem um alerta de que podem ser os próximos. E serão, temos certeza. Por isso, essa corrente de parlamentaristas deverá refluir e seu ímpeto golpista, refugar, a não ser que queiram ser presos mais rapidamente.

    Mas, o que isso tem a ver com Lira?

    O presidente da Câmara é o chefe do centrão, esse aglomerado de deputados que não está nem um pouco preocupado com o Brasil e que apenas corre atrás de dinheiro e de mais poder. Toda essa gente de direita, mas não necessariamente de extrema-direita, estava junto a Bolsonaro por conveniência, afinal, era ele que detinha o poder e o dinheiro.

    Muitos desses deputados disputarão eleições à prefeitos em seus municípios ou apoiarão correligionários seus. Alimentavam a esperança de subir no palanque ao lado de seu Jair, até então uma força política não desconsiderável.

    Porém, com as operações de hoje e com a proximidade da prisão de Bolsonaro, com quem eles dividirão palanque? Com ninguém? Ficarão sozinhos?

    Lula viaja pelo país inaugurando ou anunciando obras expressivas em vários estados. Pergunto: não seria inteligente subir ao palanque com ele? Vejam que em Santos, quando foi anunciada a obra do túnel Santos-Guarujá, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, subiu ao palanque com Lula. Ele não é bobo e os deputados do centrão também não são.

    E Arthur Lira?

    Se o centrão debandar para apoiar o governo Lula, Lira ficará isolado com uma chantagem vazia. E essa é a resposta de Lula a ele.

    Portanto, o que estamos vendo hoje é, não só o começo do fim do bolsonarismo, mas também do império de Arthur Lira.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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