Operação é deflagrada na Terra Indígena Igarapé Lage após ataque
É uma resposta ao ataque de criminosos que atearam fogo na residência e em três motocicletas de um grupo da etnia Oro Nao na Terra Indígena Igarapé Lage
(Publicado originalmente no Blog da Luciana Oliveira)
É uma resposta rápida ao ataque de criminosos que atearam fogo na residência e três motocicletas de um grupo da etnia Oro Nao na Terra Indígena Igarapé Lage, na noite de domingo, 11.
O Comando de Fronteira Rondônia/6º Batalhão de Infantaria de Selva montou uma barreira na linha 28, porta aberta pelos invasores que ocupam a terra indígena para lotear, cultivar e extrair madeira ilegalmente.
Mais de 50 homens da operação nacional batizada de ‘Curaretinga’ que está na sua quarta fase de combate a ilícitos transfronteiriços ambientais, foram direcionados para a área logo após o ataque. O nome da operação é referência ao ‘curare’, um veneno vegetal utilizados por povos indígenas.
De imediato o 6º Bis fez o patrulhamento terrestre e instalou um posto de bloqueio e controle de vias próximas à TI Igarapé Lage. Todos os veículos que trafegaram nos últimos três dias passaram por abordagens e o pelotão segue na região atuando.
“Essa operação que direcionamos para a TI Lage após o incêndio criminoso, vem sendo intensificada desde o início deste ano e em parceria com a Polícia Federal, Funai, Ibama e ICMBbio. Pelo menos cinco operações já foram realizadas e resultaram na apreensão de madeira extraída ilegalmente, destruição de plantações e construções dentro da terra indígena”, disse o Comandante do batalhão, Flavio Henrique Magalhães Valle.
O coordenador regional da Funai em Guajará-Mirim, Edivandro Jabuti, disse que apesar do alerta de perigo o grupo de indígenas decidiu se estabelecer na área invadida e que o apoio à mudança foi determinado após acordo da desintrusão da TI Karipuna.
“Eles decidiram morar perto dos familiares, das aldeias. Vamos seguir dando apoio com a construção de três casas como acordado. Contamos com ajuda dos órgãos de proteção para fixar essas famílias em local seguro”.
O incêndio
Cerca de 15 indígenas, incluindo crianças, foram surpreendidos por um bando encapuzado que queimou uma residência construída recentemente e três motocicletas. Tudo virou cinzas e os indígenas escaparam com vida fugindo pela mata.
A cerca que foi erguida para fechar a linha que dá acesso à terra indígena também foi destruída pelos invasores.
O grupo Oro Nao do grande povo Wari, foi se estabelecer nesta região após acordo para que deixassem o local que ocupavam no território Karipuna que passou por processo de desintrusão.
O local em que construíram nova moradia fica numa parte da TI Igarapé Lage sem aldeias por onde os invasores entram. O ataque foi para inibir a ocupação indígena e também em retaliação às operações que estão sendo feitas no local que causaram prejuízos aos invasores.
“Essa estrada foi aberta há pelo menos três anos. Os invasores construíram e abriram roças e pastos para criação de gado dentro da área. Desde então, os indígenas do Lage Novo ou da linha 28 não podem sequer caçar lá”, disse uma testemunha que pediu anonimato à reportagem.
A linha 28 fica distante apenas seis quilômetros de Nova Dimensão, distrito de Nova Mamoré e marca o processo de uma invasão inédita na TI Igarapé Lage.
A Pastoral Indigenista de Guajará-Mirim denunciou há dois meses através do Blog, que a invasão já provocou a perda florestal de mil hectares do território do Povo Wari, que se divide em oito etnias e 14 aldeias.
Confira aqui:
http://blogdalucianaoliveira.com.br/blog/2024/05/24/invasao-inedita-da-terra-indigena-igarape-lage-nova-mamore-ro/
Campanha
A Coordenação Regional de Guajará-Mirim-FUNAI está promovendo uma campanha de doação para ajudar o grupo atingido pelo incêndio criminoso.
Está arrecadando roupas masculinas e femininas para adultos e crianças de 4 a 6 anos, além de utensílios domésticos, móveis, materiais de limpeza e higiene pessoal.
As doações podem ser entregues na sede da FUNAI de Guajará-Mirim, localizada na Av. Constituição, nº 542, no centro.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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