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    José Reinaldo Carvalho

    Jornalista, editor internacional do Brasil 247 e da página Resistência: http://www.resistencia.cc

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    Os 75 Anos da Otan, uma organização belicista a serviço do imperialismo estadunidense e europeu

    A paz mundial é incompatível com a existência de uma organização dessa natureza. Pela paz e a segurança global, a Otan deveria ser extinta

    A Otan é uma máquina de guerra (Foto: © REUTERS / Ints Kalnins)

    Por José Reinaldo Carvalho - Transcorreu nesta quinta-feira, 4 de abril, o 75º aniversário da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma aliança militar formada em 1949. Enquanto alguns celebram suas décadas de existência como um baluarte da segurança coletiva, uma análise crítica revela que a Otan é, em sua essência, uma organização militarista e belicista a serviço do imperialismo estadunidense e europeu.

    A Otan foi originalmente criada em um contexto pós-Segunda Guerra Mundial, quando as tensões geopolíticas estavam em alta. Fundada em 4 de abril de 1949, sua principal função, embora se proclamasse como defensiva, era a de ameaçar de agressão a União Soviética e os países que constituíam o campo socialista no Leste europeu. Durante a Guerra Fria, a Otan foi uma força-tarefa militarizada da política externa dos Estados Unidos, com marcado caráter anticomunista.

    Desde sua fundação, a Otan tem servido como um instrumento de imposição do poder militar tanto dos Estados Unidos quanto das potências europeias. Esta aliança tem sido utilizada repetidamente para promover os interesses geopolíticos e econômicos desses países em detrimento dos demais.

    A Otan se envolveu em várias intervenções militares ao redor do mundo e frequentemente com resultados desastrosos para os povos vitimados por suas ações . Um exemplo marcante é a intervenção na Iugoslávia em 1999, sem autorização do Conselho de Segurança da ONU, resultando em bombardeios e sérias consequências humanitárias.

    O envolvimento da Otan no Afeganistão, a mais longa operação da aliança até então, mostrou-se catastrófico em muitos aspectos. A guerra que durou duas décadas resultou em uma vasta destruição, inúmeras vidas perdidas e, ao final, um fracasso estratégico. A Otan também secundou os Estados Unidos na ocupação do Iraque depois da guerra de 2003 e foi o principal agente do ataque imperialista à Líbia em 2011.

    Hoje a Otan encontra-se envolvida no conflito da Ucrânia, desde o golpe do Euromaidan, em 2014. As posições da Otan no conflito da Ucrânia e sua decisão de derrotar a Rússia intensificam as tensões na Europa oriental e constituem um fator conducente à escalada, com sérios riscos para a segurança global e à paz mundial.

    A existência da Otan e sua constante expansão representam um contrassenso. O argumento usado pelas potências imperialistas para a sua criação era garantir a defesa contra a “ameaça soviética”. Com o desaparecimento da União Soviética e o fim da guerra fria, o argumento “defensivo” cai por terra. Com o poderio soviético dissolvido, a necessidade de uma aliança militar unificada das potências ocidentais perdeu significado, considerando a lógica do argumento que justificava a criação da aliança em 1949. Mesmo aos olhos de observadores isentos da cena geopolítica, a continuidade da Otan após a Guerra Fria revela-se ilegítima. Pior, em vez de desaparecer, a Otan optou por expandir-se e ampliar o escopo de suas ações e motivações para intervir não apenas na região do Atlântico Norte, mas em outras regiões do mundo.

    Em vez de dissolver-se, a Otan expandiu-se geograficamente, aceitando novos membros do antigo bloco soviético e da antiga Iugoslávia, incorporando países que estavam anteriormente na esfera de influência russa. Esta expansão em direção ao leste é a olhos vistos um movimento de provocação à Rússia, agravando as tensões mundiais. Desde o fim da Guerra Fria, a Otan aumentou o número de seus integrantes para 32 países (eram 12 no momento da fundação).

    Além da expansão geográfica, a Otan também ampliou seu escopo de ações e justificativas para intervenções militares ao redor do mundo, agindo na chamada guerra contra o terrorismo depois do atentado às torres gêmeas de Nova York, no desmantelamento da Iugoslávia, no Iraque, Afeganistão e Líbia. Agora, discute-se sobre ações da Otan na região do Indo-Pacífico, tema que frequenta cada vez mais as cúpulas da aliança atlântica. A Otan reivindica o direito de realizar as chamadas intervenções humanitárias, nas quais se arroga a prerrogativa de atacar governos considerados violadores de direitos humanos.

    A expansão contínua da Otan em direção ao leste e sua presença militar próxima às fronteiras russas são uma provocação hoje considerada por Moscou praticamente como uma declaração de guerra.

    Em seu 75º aniversário, a Otan revelou por inteiro o seu caráter de aliança agressiva, belicista e intervencionista. Longe de ser um pilar da segurança internacional, é um instrumento de guerra do imperialismo ocidental. A paz mundial , a cooperação internacional, o multilateralismo genuíno são objetivos incompatíveis com a existência de uma organização dessa natureza. Para alcançar uma verdadeira paz mundial e a segurança global, a Otan deveria ser extinta.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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