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José Ricardo Martins

Mestre e doutor em Sociologia com foco em Políticas Públicas e Relações Internacionais, especialista em Geopolítica e Relações Internacionais. Pesquisador na Universidade de Utrecht, Holanda

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Otan escala guerra com a Rússia na Ucrânia com risco de aniquilação nuclear para preservar a dominação ocidental

Bases militares dos EUA na Europa foram colocadas em seu mais alto estado de alerta fora do período de guerra

(Foto: Reuters)

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A aliança liderada pelos EUA, a Otan, irá anunciar a criação de um comando especializado para o conflito na Ucrânia durante a cúpula da próxima semana em Washington, D.C., de acordo com o Secretário-Geral da Otan, Jens Stoltenberg.

Stoltenberg afirmou que “a Otan assumirá a responsabilidade pela coordenação e provisão da maior parte da assistência internacional de segurança” para a Ucrânia. Este novo comando será liderado por um general de três estrelas e contará com cerca de 700 funcionários operando a partir de um quartel-general da Otan na Alemanha.

Uma pergunta de rodapé: o governo e parlamento alemão e o povo alemão concordaram com isso? Eles também concordaram em ter bombas nucleares americanas em seu solo (dentro de bases americanas)? Eles não foram consultados! A vassalização da Europa, particularmente da Alemanha, não é mais uma teoria da conspiração. Estados vassalos não têm a palavra final, mas às vezes têm uma palavra nominal. Todas as principais decisões da Otan são primeiro tomadas pelos EUA e depois submetidas à Assembleia Geral da Otan (todos os membros) para ratificação. Além disso, todas as decisões importantes dentro da Otan são tomadas pelo Comandante Supremo, geralmente um general dos EUA. O Secretário-Geral Stoltenberg não tem autonomia a esse respeito, ele é o porta-voz e um gerente da entidade.

Além dessas medidas, relatórios da mídia dos EUA sugerem que a Otan colocará um oficial civil de alto escalão na Ucrânia e pode lançar formalmente uma iniciativa referida internamente como “Missão Otan Ucrânia”. Essas ações sinalizam o fim da narrativa sustentada pela administração Biden e outros governos da Otan de que a Otan não está diretamente envolvida no conflito da Ucrânia. Adicionalmente, os EUA estabelecerão 15 bases militares na Finlândia, principalmente ao longo da fronteira com a Rússia. Este movimento tornará a Finlândia uma das áreas mais inseguras da Europa, já que a Rússia provavelmente recalibrará sua presença militar e armas, incluindo mísseis hipersônicos, do outro lado.

Anteriormente, os EUA mantinham que o armamento da Ucrânia era realizado por países individuais e não pela Otan como organização. A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, declarou em janeiro de 2023: “Esta é uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia. A Otan não está envolvida.” No entanto, essa posição será oficialmente revertida na Cúpula de Washington. Um oficial dos EUA disse ao Wall Street Journal: “Como os aliados da Otan forneceram mais de 90% da assistência total de segurança à Ucrânia, a Otan é o lugar natural para coordenar a assistência para garantir que a Ucrânia seja mais capaz de se defender agora e no futuro.”

Anteriormente, a coordenação do conflito era gerida através do Grupo de Contato de Defesa da Ucrânia, uma coalizão informal de 50 países liderada pelos EUA. Este grupo será agora substituído pela supervisão direta da Otan. A Reuters informou que estão em andamento discussões para estabelecer oficialmente uma “missão” da Otan na Ucrânia. Este esforço, designado como NMU (Missão Otan Ucrânia), será liderado por um general de três estrelas baseado na Alemanha.

Stoltenberg afirmou que este novo comando da Otan atuará como “uma ponte para a adesão à Otan” para a Ucrânia. Finlândia e Suécia já aderiram à Otan. Stoltenberg destacou o aumento significativo nos gastos com defesa entre os aliados europeus e o Canadá, que subiram 18% apenas neste ano – o maior aumento em décadas. Ele também mencionou planos para aprimorar as defesas contra mísseis balísticos com uma nova base Aegis Ashore na Polônia.

Bases militares dos EUA na Europa foram colocadas em seu mais alto estado de alerta fora do período de guerra, em resposta a “ameaças do Kremlin sobre o uso de armas de longo alcance pela Ucrânia no território russo”, de acordo com o New York Times. A administração Biden também começou a fornecer mísseis de longo alcance ATACMS para a Ucrânia, e o Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, confirmou que a Ucrânia está autorizada a usar armas fornecidas pelos EUA para atacar alvos dentro da Rússia.

No mês passado, a CNN informou que a administração Biden está se movendo para levantar a proibição de contratantes militares trabalhando diretamente na Ucrânia, aumentando ainda mais o envolvimento militar direto dos EUA no conflito.

O think tank da Marinha dos EUA, Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), levantou uma questão crucial em sua prévia da cúpula intitulada “A Otan Está Pronta para a Guerra?”. O relatório afirmou: “Embora a Otan possa estar pronta para a guerra, a questão permanece se está pronta para lutar e, assim, deter uma guerra prolongada. Para atingir esse objetivo, os aliados ainda precisam gastar mais [e] aumentar a capacidade industrial.”

A cúpula de Washington ocorre em meio a uma crise política crescente nos Estados Unidos, com alguns membros do Partido Democrata pedindo para que Biden se retire como candidato democrata. Defendendo seu histórico, Biden citou a escalada do conflito EUA-Otan com a Rússia, declarando: “Eu sou o cara que derrubou Putin,” e “Eu também fui o cara que expandiu a Otan.”

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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