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    Fernando Lavieri

    Jornalista, com passagens pela IstoÉ e revista Caros Amigos

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    Pablo Marçal “janta” o Pig

    Há diversos assuntos fundamentais para ampliar o debate no sentido de não se deixar cair no bolso de Marçal e outros seres de mesma estirpe. Basta ter coragem

    Pablo Marçal grava vídeo de hospital após ser agredido com uma cadeira por José Luiz Datena (Foto: Reprodução/Instagram)

    A campanha à Prefeitura de São Paulo está a todo vapor. Pablo Marçal, ferramenta política da extrema direita,  vem mostrando capacidade de convencer as massas, sobretudo evangélicas. Não se pode fechar os olhos para as suas chances de assumir as chaves da pauliceia. Tais chances devem crescer após a agressão desferida por Datena.

    Ele conhece profundamente a estratégia bolsonarista e vale-se dela em todos os momentos: mente sobre os dados e fatos; distorce argumentos; acusa os seus interlocutores (jornalistas dos grandes meios de comunicação e adversários políticos) de falsidade narrativa para tirar o foco da pergunta; promove o ódio e agressão; apela para o pavor a respeito de quaisquer coisas que possam ser consideradas de esquerda. Esse cabedal de elementos extremistas está sendo usado com maestria por Pablo Marçal,  principalmente, durante as suas apresentações televisivas. Após o debate da tevê Cultura, ele tinha a intenção de sair da Fundação Padre Anchieta como arguto debatedor, mas acabou vítima do valentão Datena. E, veja só, as redes bolsonaristas entusiasmadas com a atuação de Marçal estão tentando encaixar o jornalista e apresentador da Band como sendo personagem da esquerda brasileira. Não há limites para quem é de extrema direita. 

    Os jornalistas que até agora participaram dos programas com Marçal não aprenderam nada com os anos em que Jair Bolsonaro esteve em alta na política nacional. Não adianta, absolutamente, querer deixar Marçal em maus lençóis em aspectos morais ou sentimentais. Uma de suas táticas é afirmar que preâmbulos construídos durante as entrevistas, com base em seus problemas judiciais, são inverídicos. Ou seja, ele quer que a sua bolha acredite que o entrevistador quer enganar. Marçal faz assim: olha efusivamente para câmera, ou melhor, nos olhos do telespectador, e diz algo como: “tudo que os jornalistas disseram até agora sobre mim é mentira. Faz o M!”. O que mais  impressiona é que os jornalistas do Pig caem como patinhos na barafunda do candidato.

    Marçal não está interessado em falar a verdade ou participar de debates e entrevistas de forma respeitosa como, aliás, sempre fizeram Lula e Dilma. O candidato à Prefeitura de São Paulo não  se importa com o plano de governo de seus adversários ou o seu próprio. Ele quer ser exuberante na tela, se mostrar injustiçado, inteligente, fazer cortes. Para além de coach, diz ser jurista. Quiçá, intelectual. Marçal quer chegar ao segundo turno.

    Os jornalistas confrontados por Marçal, até agora, estão prontos para debates quadrados, cheios de salamaleques. O “novo” expoente da extrema direita não é cavalheiro, mas bruto. A única forma de defrontá-lo é abordar os principais fatos com profundidade, firmemente baseados na história. A grande imprensa, em outros termos, terá de negar o que vem afirmando há, no mínimo, quarenta anos. Vamos aos exemplos. 

    Marçal deturpa diuturnamente Karl Marx, o marxismo, e tudo que está incluso no espectro político da esquerda. O que a imprensa tem de fazer? Resposta: reportagens robustas sobre o personagem símbolo da ideologia imortal do proletariado. Mais: o candidato tenta explicitamente revigorar a narrativa da Lava-Jato. Marçal quer manter as mentiras que jogaram o País na incúria, no sórdido golpe. Surge a pergunta: quem será o intrépido jornalista da grande imprensa brasileira que irá dizer que a Lava-Jato foi fraude? O genocídio do povo palestino, em Gaza, é outro exemplo. Trata-se do principal tema do século XXI em todo o mundo. Ele deve ser pauta à exaustão. A grande imprensa não pode apenas reproduzir os releases sionistas, como faz Marçal. Ela terá de fazer jornalismo de verdade...

    Por fim, há diversos assuntos fundamentais para ampliar o debate no sentido de não se deixar cair no bolso de Marçal e outros seres de mesma estirpe. Basta ter coragem para tal.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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