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    Edmar Antonio de Oliveira

    Administrador pela puc minas

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    Parte 03 – 1911 a 1927: a longa marcha de nacionalistas e comunistas

    O período revolucionário na China: revolução burguesa, senhores de guerra, insurreição comunista, frente popular, massacres e guerra civil

    Chiang Kai Shek, líder do Kuomintang e da direita chinesa (Foto: Divulgação)

    Império, monarquia, império, monarquia… senhores da guerra

    A partir das seguidas humilhações impostas pelas potências estrangeiras, aliada a uma brusca queda da qualidade de vida sentida pelos chineses e uma economia em frangalhos, devido à balança comercial extremamente negativa pela abertura forçada, forças políticas modernizantes começaram a ganhar força na esteira da derrota da rebelião dos boxers.

    A principal delas foi o movimento republicano, liderado por Sun Yat-sen, que agia na China a partir da sociedade secreta “Sociedade da Aliança”. Após conseguir apoio de setores relevantes da sociedade e de líderes do exército chinês, que enxergavam nas ideias modernizantes de Yat-sen, uma saída para a terrível crise foi deflagrada a revolução Xinhai (número 48, ano da época, segundo um calendário local) ou revolução de 1911. 

    Este movimento foi ganhando força e apoio de senhores feudais locais e de batalhões do exército outrora fiéis à coroa, tomando territórios e cidades outrora sob controle do governo central, até culminar na renúncia do imperador Pu Yi e implantação da república em terras chinesas. Foi criado um governo provisório controlado pelo poderoso general Yuan Shikai e promulgada uma constituição de inspiração ocidental, de caráter presidencialista. 

    Yat-sen fundou em 1912 o Partido Nacionalista Chinês, o Kuomintang, para concorrer às eleições de 1913, mas Yuan Shikai recusou-se a deixar o poder e restaurou a monarquia, declarando-se imperador. Este movimento durou três meses, mas a república foi restaurada. Foi preciso, entretanto, enfrentar um levante militar pela restauração do antigo imperador Pu Yi ao trono. 

    O levante monarquista foi derrotado, mas diante dos seguidos impasses políticos, líderes militares se fortaleceram localmente através de alianças com senhores feudais e declararam autonomia em vários locais da China, não se submetendo ao agora enfraquecido pode central na capital e lutando entre si por territórios e poder. 

    Este período ficou conhecido como época dos senhores da guerra.

    Entre duas revoluções: ascensão do Kuomintang e a Guerra Civil

    Após o golpe de Yuan Shinkai, o frágil equilíbrio entre diferentes forças que se organizaram na revolução de 1911 se dissipou, dando origem a uma série de conflitos internos, principalmente entre os senhores da guerra regional, tornando a China um país fragmentado, onde o governo central restringia seu controle a áreas da capital, algo parecido com a Líbia e a Somália, na época em que este texto está sendo escrito (2019). 

    Estes líderes militares, unidos a senhores feudais regionais, governavam de maneira absoluta, impondo ao povo sob seu controle todo tipo de arbitrariedade e leis absurdas, chegando inclusive a ordenar a paralisação de colheitas de arroz para se dedicar a construção de palácios para determinado general. 

    Enquanto o Kuomintang, que controlava o governo central na capital, se reorganizava e construía um exército para enfrentar os senhores da guerra, ocorria  em 1919 o Movimento Quatro de Maio em Beijing, uma série de manifestações estudantis que tomou várias cidades chinesas, propagando os ideais marxistas entre os camponeses, operários e outros setores sociais. Este movimento foi estopim para a formação de líderes e a semente do próprio Partido Comunista, fundado dois anos depois.

    Já em 1924, o Kuomintang começa a cooperar com o PCCh (Partido Comunista da China), sob orientação da URSS, seguindo as premissas das Frentes Populares (em países que não houvesse cenário para revoluções operárias, os comunistas deveriam apoiar governos progressistas que aceitassem reconhecer e estabelecer relações com a URSS). 

    Com chegada de um novo líder ao poder no Kuomintang, o general  Chiang Kai-shek, os nacionalistas ampliam sua aliança para setores direitistas da sociedade chinesa (até mesmo outrora apoiadores das forças imperialistas), formando uma grande aliança que consegue submeter os senhores da guerra e unificar a China sob um único governo do Kuomintang, tendo Chiang Kai-Shek como chefe de Estado.

    Uma vez consolidado o poder central, o governo nacionalista começa uma campanha de perseguição aos comunistas, pois observava que o partido e seus líderes eram muito mais populares entre camponeses e trabalhadores do que o partido nacionalista. 

    Em março de 1927, ocorre uma rebelião de trabalhadores em Xangai, liderada pelos comunistas e no qual foram implementadas diversas medidas que visavam o bem-estar dos trabalhadores, sendo propagandeado como as medidas da “nova China”. O presidente Kai-Shek ordena então um massacre aos comunistas e trabalhadores na cidade de Xangai, se estendendo a todas as grandes cidades chinesas, rompendo oficialmente a Frente Unida que havia unificado o país. Este episódio ficou conhecido como Massacre de Xangai e desencadeou a guerra civil.

    Leia a parte 1 e a parte 2.

    Leitura recomendada:

    Último imperador da China abdica do poder. Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2017/02/13/ultimo-imperador-da-china-abdica-do-poder/

    1919: Protesto estudantil em Pequim. Fonte: https://www.dw.com/pt-br/1919-protesto-estudantil-em-pequim/a-312530
     

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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