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    Pedro Maciel

    Advogado, sócio da Maciel Neto Advocacia, autor de “Reflexões sobre o estudo do Direito”, Ed. Komedi, 2007

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    Passou da hora de denunciar

    Já passou da hora de a coordenação da campanha de Haddad compreender que sua candidatura representa todos os setores democráticos, não representa apenas o PT e, por isso, deve denunciar o real significado disso tudo. Na defesa da democracia, não há lugar para o "democratismo petista"

    Passou da hora de denunciar (Foto: ABr | Reuters)

    Um moralismo medieval, medos retóricos e distância da realidade marcam as eleições presidenciais de 2018.

    São tempos de irracionalidade, mas sempre é possível de propor reflexão e debate sobre esses temas.

    Se há tensão comecemos o debate pela nossa compreensão de DEMOCRACIA, afinal é a democracia é valor em torno do qual há algum consenso, por isso deve ser sempre o ponto de partida, de reunião, reflexão e prática.

    Acredito que a efetivação da democracia não será moldada de acordo com nossos sonhos individuais, mas através da interação e confrontação dos muitos sonhos com a realidade, através da Política.

    A democracia válida é aquela que emerge das interações sociais e institucionais, do processo político ajustado pela sociedade, dos ajustes institucionais.

    Não estou a afirmar que crenças, percepções, desejos, dúvidas ou certezas individuais são irrelevantes, mas que essas todas estão contidas e se subordina em algo mais amplo, plural e coletivo.

    Afinal, qual democracia defendemos?

    Segundo José Arthur Giannotti "o primeiro conceito de democracia corresponde a circunscrição do povo como unidade do exército hoplita, de todos os proprietários capazes de se armar por si próprios quando a cidade se amplia, o segundo conceito, a democracia radical, traz para seu interior a tarefa de definir CIDADANIA." ("Res publica, res populi"), é disso que também se trata o debate faltante nessas eleições. Noutras palavras, se a DEMOCRACIA traz para o seu interior o conceito dinâmico de CIDADANIA, que pode ser compreendido como o modo de participar das estruturas e instituições, é necessários saber: quem é o CIDADÃO que, colocando-se em movimento e interação social e institucional, será o construtor da nossa sociedade?

    Feitas essas reflexões é possível afirmar que as políticas públicas não estão postas ao debate dos eleitores nesse 2018, o que se vê é apenas versões indesejadas, conteúdos falsos que caracterizam esses tempos em que o debate é substituído pelas certezas e pelo ódio.

    A esmagadora maioria das notícias falsas, as chamadas fake News, tem a intenção de ganhar seguidores e amplificam essa atmosfera de agressividade irracional e emotiva, estamos testemunhando multidões dispostas a agir de modo violento e sem qualquer objetivo político.

    Acredito que o objetivo oculto do método da candidatura de Bolsonaro é relativizar a democracia, através da mobilização de apoio popular contra seu princípio de existência.

    Por isso já passou da hora de a coordenação da campanha de Haddad compreender que sua candidatura representa todos os setores democráticos, não representa apenas o PT e, por isso, deve denunciar o real significado disso tudo.

    Na defesa da democracia, não há lugar para o "democratismo petista", um democratismo que nos legou Fux, Barroso, Toffoli, Rosa Weber, Facchin, Juca Barbosa, e tantos de outros aristocratas de toga, todos sem apreço à nação.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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