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    Rodrigo Lamore

    Rodrigo Lamore é cantor, músico e compositor. Possui trabalho autoral e atualmente vive de shows voz e violão em barzinhos do Rio de Janeiro. É oriundo da cidade de Guanambi - BA e tem quase trinta anos de carreira musical.

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    Paulo Ricardo, Davi do BBB e a miopia do rock

    O rock underground precisa imediatamente dar umas aulas de marketing pra esses tiozões do rock

    À esquerda, Davi, e à direita, Paulo Ricardo (Foto: Reprodução/Instagram)

    O vocalista Paulo Ricardo, da banda de rock nacional dos anos 80 RPM, fez uma participação no BBB 24. Enquanto todos os outros cantores de outros estilos se esforçaram ao máximo pra serem carismáticos, comunicativos, envolventes e cativantes (até porque, por mais que alguns esqueçam, a música também é um negócio, e como tal precisa de consumidores pra existir, como qualquer empresa), a lenda do rock brasileiro não se interessou em agir como a sua profissão manda. Tratou as pessoas que lhe assistiam como irrelevantes. E o pior, ignorou o líder em popularidade no programa, Davi, que como todos esperavam, venceu a competição. Pra quem é um crítico contínuo dessas atitudes no rock, aquilo não foi surpresa. Mas agora com a coisa reverberando no bolso, quem sabe essa galera rancorosa com o mundo moderno repense as suas atitudes.

    Já ouviu o ditado “já ta com a vida ganha”? Os artistas consagrados do rock hoje estão nessa vibe. Não ligam pro público. Não se importam em se reinventar e evoluir aos novos tempos. Mas também não gostam quando os criticam ou sofrem prejuízos financeiros como consequência dos seus atos retrógrados. Por causa disso, receberam o apelido merecido de “tiozões do rock”. Isso vale tanto pro público quanto pros artistas.

    Paulo Ricardo tinha um show marcado para o dia 20 de abril em Fortaleza – CE, junto com a banda Barão Vermelho. Logo após o ocorrido no BBB, iniciou-se uma onda de cancelamentos de ingressos, que devido a grande quantidade, se tornou inviável a manutenção do evento, e obviamente, foi cancelado. 

    Sempre que surgem pessoas (como eu) apontando os erros, e a urgência em entender que aquele passado não irá mais voltar, e que nesse momento os músicos precisam estar mais presentes, mais conectados com seu público, produzindo novos materiais que dialogam com a juventude (que é diferente da juventude de antes), e que comportamentos desleixados de outrora agora possuem importância por causa da internet e sua rapidez, os alvos das críticas respondem com suas soberbas, rebatendo como se tudo fosse apenas “mimimi”, e não tendo a capacidade de enxergar o obvio.

    Pois bem, já que palavras não serviram, talvez agora afetando-os financeiramente eles tendem a pelos menos refletir, e quem sabe mudar. Até porque, nesse momento esses roqueiros velhos só conseguem ganhar dinheiro de duas formas: ou recebendo os direitos autorais dos velhos clássicos lançados ou criando um canal no youtube falando mal de Anitta e do Sertanejo Universitário. É lamentável esse cenário, mas eles se sentem muito inteligentes dizendo frases altamente filosóficas e intelectualizadas como: “não gostei”, “é ruim”.

    Muitos desses, aliás já foram desmascarados, com relação a incongruência dos seus discursos atuais comparados com os da época de ouro do rock, como abordado nesse artigo aqui: https://www.brasil247.com/blog/rock-brasileiro-e-o-rebel-money.  Mas, outros permanecem escondidos, até serem expostos pelas suas próprias atitudes, como o episódio citado acima. Esses roqueiros estão quase ou totalmente desligados da realidade. Não se informam sobre o que se passa no país. Talvez porque eles sejam desses: “não assisto TV, prefiro ler um livro”. Mas qual livro? Dependendo de qual for, melhor então assistir TV. Um artista que não interage com o mundo artístico? Essa pergunta também é a resposta para muito dos problemas atuais do rock mainstream. Não interagem como nada. O rock underground precisa imediatamente dar umas aulas de marketing pra esses tiozões do rock.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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