Pedofilia e o gozo do carrasco
Essa pauta não pode ser cooptada por perversos, carrascos que gozam fingindo fazer o bem, verdadeira banalidade do mal
O filme "O som da liberdade" - relato real de histórias envolvendo o tráfico de crianças em Honduras e Colômbia, nos deixa sem fôlego. Mesmo sabendo que é um crime que também acontece no Brasil, diante da tela brilhante de Hollywood, deixamo-nos seduzir embalados pela trilha sonora que nos eleva a ponto de esquecermos nossos pecados. Lembremos, a Amazônia é campeã em exploração sexual de crianças. Turismo sexual envolvendo garotas de menor idade, fato comum no nordeste tropical. Inclusive foi estimulado pelo ex presidente Bolsonaro, ao propagar que o Paraíso é aqui, bordel a céu aberto. Assustador o despudor do Capitão. Contudo, direitos humanos sempre foram uma pauta cara aos governos progressistas que lutaram por ampliar os mecanismos de combate aos abusos. E o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), defendido como dispositivo de proteção às crianças vulneráveis. O filme aponta para a cruel realidade envolvendo empresários do sexo infantil, gente perversa que atua em rede, verdadeira máfia. Carrascos que não foram inseridos na lei - sem limites e interdições, agem de forma criminosa. Curioso é que o filme denuncia os EUA como os maiores exploradores de crianças e material pedófilo, envolvendo faturamento bilionário.
A pedofilia não é um crime exclusivo de nenhuma ideologia. Qualquer sujeito que não for coibido em suas pulsões malignas, descabidas na infância, pode vir a operar como pedófilo. Portanto, devemos tratar esse tema sem envolver afetos partidários. Ele, ao ser tratado na esfera criminal, deve também ser tratado como patologia psíquica. Contudo, a extrema-direita, na ausência de pautas de interesse da população, quer construir uma narrativa perversa envolvendo a questão com Deus, bons costumes, conservadorismo. Significantes que mais confundem a comunidade evangélica que ajuda. O objetivo é fomentar a guerra hibrida. Ocupar o vazio de propostas com uma questão delicada. Jogar para o diabo a vida de crianças inocentes e suas famílias.
É o fascismo roubando pautas ao arregimentar seguidores. Querem ser os Donos da denúncia contra a pedofilia, um filão a ser explorado por parlamentares da bancada da bíblia, cuja única pauta real é perversão e ganância pelo poder.
É sabido de um pastor, político do PL (Partido Liberal) que se elegeu Senador em cima de um caso que manipulou, distorceu. Cometeu crime ao condenar um pai inocente de ter abusado da filha, quando na verdade os sinais no corpo da criança era apenas uma crise alérgica. Conquistar poder com maldades, mentiras, fake news está em alta.
O campo democrático popular deve expandir melhor as políticas públicas no combate à pedofilia, criando canais de orientação à população por meio de campanhas como: "Brasil sem pedofilia". Ações específicas junto aos ministérios da justiça e educação - orientar pais e criminalizar envolvidos.
O filme é importante como alerta. Não podemos ficar reféns de estratégias de setores do fundamentalismo. Assistir ao filme e ampliar a questão é importante na prevenção. Educadores, pais, famílias - todos devem assistir e promover espaços de discussão nas escolas, na rua, em casa. O foco deve ser a defesa dos direitos da criança e adolescente em todos os aspectos. Será que essa turma está, também, preocupada em denunciar o trabalho infantil? Muitos análogos à escravidão.
Se o mal é promessa não cumprida, é papel de todo cidadão comprometido com a ética do bem viver, o cuidado e a proteção de nossas crianças. "O som da liberdade" deve servir para libertar milhões de crianças que foram subtraídas de suas famílias - sequestradas, escravizadas. Corpos despedaçados, vendidos como mercadorias secundárias, meros buracos a proporcionar prazer em monstros fétidos. Essa pauta não pode ser cooptada por perversos, carrascos que gozam fingindo fazer o bem, verdadeira banalidade do mal.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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