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    Pablo Nacer

    Jornalista, autor do livro Meu Avô A´uwê - sobre três viagens a uma aldeia indígena xavante - e ex-Brasil 247, atualmente vive na Austrália

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    Pelé deixou Lula na cara do gol: Mazurkiewicz ou Carlos Alberto Torres?

    O que Pelé fez para o futebol e, sobretudo, para o Brasil, entre as décadas de 1950 e 1970 dentro dos gramados é imensurável., escreve Pablo Nacer

    Pelé (Foto: Acervo Pelé/Divulgação)

    Por Pablo Nacer 

    A exemplo do que cansou de fazer nos gramados, antes de partir definitivamente para a eternidade, Pelé pela última vez passou por quatro de seus mais truculentos marcadores, driblou o goleiro e, sem ângulo para marcar o gol, o gênio que consagrou a camisa 10 tocou a bola para trás, que encontrou o presidente Lula. Agora cabe ao camisa 13 balançar a rede.

    O que Pelé fez para o futebol e, sobretudo, para o Brasil, entre as décadas de 1950 e 1970 dentro dos gramados é imensurável. Nem reunindo as centenas de milhares de postagens ao redor do mundo nas últimas 24 horas seria capaz de traduzir o que foi Edson Arantes do Nascimento dentro das quatro linhas.

    Mas prestes a encerrar 2022. Mais do que isso. Prestes a encerrar este maldito mandato de Jair Bolsonaro, que a cada novo dia entre 2019 e 2022 transformou a imagem do Brasil em um interminável 7 x 1 diante do planeta, Pelé resgatou o tão poderoso soft power para o país que ele mesmo havia elevado aos mais altos patamares através de sua arte.

    O Pelé que parou guerra. O negro de origem humilde que salvou a vida de Sebastião Salgado na fronteira da Tanzânia com a Ruanda só pelo fato do grande fotógrafo ter dito aos seus quase algozes que é conterrâneo do rei. O embaixador do Sul Global que foi ensinar na matriz do Norte como se joga bola e há pouco foi reverenciado por Biden e Obama (e não o contrário). Enfim, o único jogador de futebol tricampeão mundial por sua seleção que, em 1958, aos 17 anos, conforne sentenciou Nelson Rodrigues, acabou com o complexo de vira-latas do brasileiro (infelizmente, sabemos que depois voltou e, nos últimos anos, batendo até continência para a bandeira dos Estados Unidos).

    Nas últimas horas, o Brasil do futebol arte, do jogo bonito, reverenciado pela criança pobre em qualquer periferia do planeta ou pela rainha da Inglaterra, se sobrepôs ao Brasil que ofende primeira-dama de presidente francês, que faz 'piada' com japonês, que destrói a Amazônia e o meio ambiente como política de estado, que não está nem aí quando um cidadão morre ou que não liga para um vizinho para felicitar a vitória em uma eleição democrática.

    Lula volta amanhã (já é 31 de dezembro na Austrália - para citar o meme) no que seria o pior dos cenários. A tal da 'herança maldita' de 2003 era apenas uma 'marolinha', para usar expressão do próprio presidente, se comparado a hoje. Tanto o cenario interno, com um país dividido, um estado propositadamente destruído e a economia em frangalhos, quanto o cenário externo com os poderes hegemônicos fazendo o possível e o impossível para evitar a passagem do mundo unipolar para uma nova ordem multipolar, tudo joga contra.

    Porém, se no primeiro mandato Lula contou com as boas vibrações do pentacampeonato no Japão/Coreia para o pontapé inicial de seu governo, que também teve a maestral campanha de comunicação com Ronaldo para elevar a autoestima do brasileiro, Pelé acaba de preparar o terreno com sua majestade.

    Agora acompanhemos o desfecho. Estamos diante do drible de corpo genial no arqueiro uruguaio Mazurkiewicz, no México, em 1970, que por capricho dos deuses a bola se recusou a entrar, ou o passe açucarado sem olhar para o capita Carlos Alberto Torres estufar a rede italiana e sacramentar o tricampeonato no Estádio Azteca?

    Que o imaginário do Brasil de Pelé comece a se tornar realidade no terceiro mandato do Lula!

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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