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Elisabeth Lopes

Advogada, especializada em Direito do Trabalho, pedagoga e Doutora em Educação

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Pelo profundo sentido do verbo “Esperançar”

Apesar desse cenário desolador no RS, percebemos uma leva de novos políticos ressignificando o conteúdo dos papéis da administração pública

(Foto: Reprodução/X @Pimenta13Br)

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Em razão das enchentes no Rio Grande do Sul (RS), 172 pessoas perderam suas vidas, enquanto dezenas ainda estão desaparecidas. Quantos filhos choram pela perda de seus pais, quantos pais procuram seus filhos desaparecidos, em vão. Essas pessoas tinham projetos de vida e de trabalho, sonhavam com um futuro promissor para os seus filhos. Contudo, as águas dos rios em reação aos maus tratos recebidos pela ganancia desmedida e predatória do homem, submergiram as vidas gaúchas na avalanche de suas correntezas.

O descaso dos governantes neoliberais, sobretudo com relação à população ribeirinha, habitante de solos em riscos iminentes, é incomensurável. Essas pessoas jogadas à própria sorte somente são lembradas por esses políticos individualistas e subservientes ao capital, durante as eleições. Um vasto contingente de pessoas desprovidas de possibilidades seguras para viver, é iludida por vagas promessas ilusórias de dias melhores que nunca se concretizarão. Os mesmos políticos que visitaram esses lugares de risco para suplicar votos, de antemão já tinham a plena consciência de que os habitantes dessas áreas degradadas só seriam úteis no momento do depósito de seus votos na urna. 

O cuidado com os sistemas de proteção das cidades e capital do RS tornou-se um detalhe incomodo e esquecido em favor da falsa aparência estética dos bairros da classe média alta e média em detrimento do cuidado aos bairros periféricos e mais populosos. A especulação imobiliária a qualquer preço das empreiteiras de gesso acartonado tomou conta de Porto Alegre, em detrimento de um planejamento urbano adequado aos novos tempos das crises climáticas, cada vez mais recorrentes pela não preservação do meio ambiente.

Tantos erros e vieses fetichizados pela idolatria do Estado Mínimo dos governos neoliberais, pelas privatizações exacerbadas de serviços básicos à população na ilusão de melhores entregas, pela precarização e falta de investimentos em infraestrutura garantidoras do bem estar social e de prevenção de riscos, caem por terra em situações adversas climáticas, ou de outra natureza de baixo, médio ou elevado impacto.  

Resta ao povo subsumido e invisível pelo descalabro dos aproveitadores atentos aos seus interesses e incrementados pelos variados instrumentos de negação da verdade, conjugar incessantemente o verbo “esperançar”. É o que mais assistimos nos depoimentos de quem perdeu absolutamente tudo.

Nesse sentido, o mantra do Presidente Lula em seu terceiro mandato tem sido combater a desigualdade social por meio do resgate e da criação de mais políticas públicas que melhorem a qualidade de vida do povo. A despeito de governar tendo a frente um congresso majoritariamente clientelista marcado pelo centrão e pela ala da extrema direita bolsonarista, observamos a luta hercúlia travada por Lula e pelas forças progressistas para a reconstrução do país gravemente dilapidado nos governos de Temer e do abominável inelegível. 

À parte desse cenário lamacento que devastou o RS, há ações do governo federal que, exaustivamente, estão contribuindo para reerguer o Estado tomado de assalto por administrações liberais, ressaltando a da cidade de Porto Alegre, capital do Estado, administrada por um prefeito de extrema direita que beira ao fascismo, entre outros desvios negacionistas. 

A atuação rápida e presencial do Presidente Lula com relação ao RS, representada por seus Ministros em todos os municípios afetados e em outros que possam dar sua contribuição indireta ao caos, destaca-se no reerguimento do RS, que por anos ficou à deriva pelos governantes locais.

Por outro lado, a tragédia climática que devastou grande parte do território gaúcho, também está servindo para alertar a consciência do povo sobre os atuais modelos de administração das cidades e o que não deve se repetir daqui pra frente. Após os últimos acontecimentos ocorridos no RS, os resultados funestos dos governos propagadores da mão mínima do Estado demonstraram, de pronto, suas falibilidades.

Apesar desse cenário desolador no RS, percebemos uma leva de novos políticos ressignificando o conteúdo dos papéis da administração pública nos planos: social, econômico, cultural e ético político do Estado numa perspectiva ampliada de cuidado efetivo à população. Aliados a pessoas experientes, jovens promissores na política vão amadurecendo suas propostas por um estado mais presente em todos os sentidos do bem estar do povo. 

Nem tudo é tão avassalador, como a realidade atual revelada pela materialidade das enchentes no extremo sul do país que desnudou definitivamente os atuais governos neoliberais em vários municípios do Estado. Constata-se investimentos maciços pelo governo federal para recuperar o que foi destruído pelo fenômeno climático anunciado.

Em visita do ministro Paulo Pimenta a Torres em 01/06/24, cidade não atingida pela tragédia, Pimenta reuniu-se com as autoridades do município a fim de requisitar a liberação do aeroporto da cidade para voos comerciais, ampliando a partir desta medida a oferta de trafego aéreo no Estado, enquanto o Aeroporto Salgado Filho é restaurado até dezembro deste ano. Segundo o Ministro é vislumbrada nessa proposta uma futura descentralização e dependência exclusiva da capital para essa espécie de voos. As possibilidades de aumento da malha aérea no Estado trarão maiores perspectivas de desenvolvimento para as demais regiões.

Na oportunidade e presentes a esse encontro, conhecemos alguns candidatos de esquerda às prefeituras e vereanças em Torres e em outros municípios próximos. 

Com propostas participativas, preservadoras do meio ambiente e do pleno atendimento ao bem estar social da população, planejam ações administrativas que busquem o rompimento com as contrarreformas neoliberais instaladas nestes municípios, atualmente governados em grande número por partidos da direita.  

Tanto em Torres, com a candidatura do atual vereador pelo Partido dos Trabalhadores (PT) Moisés Trisch, com expressiva  atuação em defesa do atendimento às reais necessidades do município em termos do oferecimento de serviços públicos de qualidade, sobretudo à população menos favorecida não atendida adequadamente pela atual administração do Partido Progressista (PP), como no município de Três Forquilhas, também administrado atualmente pelo PP, vislumbramos candidaturas de esquerda que se esforçam na construção de projetos inovadores e propositivos para uma gestão democrática e inclusiva. Assim como Moisés Trisch em Torres, o atual candidato de esquerda pelo PT à prefeitura do município de Três Forquilhas, Bruno Engel Justin, luta para dar o melhor sentido ético político a sua futura gestão, caso seja eleito.

Nesses dois exemplos podemos constatar uma enorme vontade de superação dos atuais e excludentes estilos administrativos. Que possamos assistir mais e mais candidaturas propositivas como estas em todo o país, por meio de projetos que reúnam valores éticos e de humanidade, para que finalmente possamos viver o verdadeiro sentido do verbo “esperançar”.

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