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    Aldo Fornazieri

    Professor da Fundação Escola de Sociologia e Política e autor de "Liderança e Poder"

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    Pelo rompimento das relações do Brasil com o estado de Israel

    Trata-se de uma demanda moral e de decência e dignidade humana. Ou exigimos isso ou seremos omissos

    Lula e Netanyahu (Foto: Ricardo Stuckert/PR | ABIR SULTAN POOL/Pool via REUTERS)

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    O governo brasileiro precisa romper imediatamente relações diplomáticas com o Estado terrorista e genocida de Israel. Precisamos exigir isso do governo brasileiro. Trata-se de uma demanda moral e de decência e dignidade humana. Ou exigimos isso ou seremos omissos.

     Os governos não podem mais ficar passivos e com atitudes declaratórias diante do massacre brutal que Israel vem promovendo contra crianças, mulheres e a população inocente de Gaza. 

    Depois de deslocar mais de um milhão de palestinos para a cidade de Rafah, nos últimos dias Israel vem bombardeando e dizimando as pessoas, espalhando o terror e o pavor, semeando os campos de refugiados de corpos despedaçados. Já são 36 mil assassinados, dentre eles 14.100 crianças e 9.200 mulheres. Não há nenhum sentido e nenhuma dignidade nisso. Só há covardia e desumanidade.

    Trata-se de uma guerra de vingança e de uma guerra de extermínio. Israel tem o direito de se defender dos ataques terroristas do Hamas. Mas esse direito não pode significar a punição cruel de toda a população de Gaza. Não pode significar a destruição das cidades, o deslocamento das pessoas, o despedaçamento de corpos  de inocentes, a morte pela fome e pela sede.

    Israel vem cometendo uma sucessão de crimes e brutalidades contra os palestinos comparáveis aos que os nazistas infringiram aos judeus. Israel não tem o direito de invocar o massacre dos judeus pelos nazistas para lavar os crimes horrendos que vem cometendo contra os palestinos. Israel não tem o direito de invocar a memória dos os judeus massacrados no holocausto para promover um holocausto contra os palestinos. Israel não tem o direito de invocar a memória dos judeus que morreram nos campos de concentração para lavar o sangue das crianças palestinas, massacradas, despedaçadas e amputadas. Fazer essas invocações consiste em praticar um crime imperdoável contra a memória e o sacrifício dos judeus que morreram sob o nazismo.

    As bombas de Israel não sufocarão os gritos das crianças palestinas com corpos dilacerados e queimados. Não sufocarão os gritos de crianças que têm braços e pernas amputados sem anestesia. As bombas de Israel não sufocarão o grito das crianças que veem suas mães despedaçadas e os gritos das mães que veem seus filhos reduzidos a uma massa informe de carne e sangue. 

    Os gritos dilacerantes das crianças, das mulheres e dos palestinos inocentes ecoarão para sempre nos ouvidos das futuras gerações de judeus para lembrar-lhe que tiveram um governo criminoso, assassino, terrorista e genocida. Esses gritos de dor ecoarão sempre, por todo o futuro, bem mais alto do que as bombas de Israel.

    A humanidade nunca poderá esquecer o que os nazistas fizeram aos judeus. Mas também nunca poderá esquecer o que o Estado de Israel está fazendo aos palestinos. São duas histórias de infâmia, de impiedade, de brutalidade, de crueldade sem limites.

    Boa parte do povo alemão foi cúmplice dos crimes dos nazistas. Os judeus precisam se perguntar, hoje, se são cúmplices de um governo assassino. É certo que parte do povo judeu exige um cessar fogo, o fim da guerra, a libertação dos reféns pelo Hamas e o fim do massacre de palestinos. Mas parte dos judeus ainda apoia os crimes e massacres planejados pelo governo. 

    O Estado e o governo de Israel são foras da lei. Violam sistematicamente o direito e as leis internacionais. Pisoteiam as resoluções da ONU. Cometem crimes de guerra em série. Os membros da cúpula civil e militar do governo israelense precisam ser presos, levados aos tribunais e condenados por crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Esses líderes merecem o seu Tribunal de Nuremberg. 

    A continuada brutalidade sem limites que Israel vem praticando exige que se passe das declarações condenatórias aos atos. Permanecer no declaratório representa, hoje, uma omissão diante da desumanidade de Israel.

    Lula teve a coragem de proferir uma dura condenação ao governo israelense. Mas agora, a virtude da coragem exige que Lula dê um passo adiante. Exige que Lula rompa imediatamente as relações diplomáticas com o Estado de Israel. Exige que o governo brasileiro suspenda imediatamente a importação de armas e de componentes e equipamentos militares de Israel. Existe que o Brasil deixe de exportar qualquer componente que possa ser usado pela indústria militar de Israel.

    A Bolívia e a Colômbia, nossos vizinhos, já romperam relações diplomáticas com Israel por considerar que o seu governo é genocida. Se o Brasil quiser exercer uma relação de liderança junto aos seus vizinhos, precisa adotar a mesma atitude que Bolívia e Colômbia adotaram.

    Mas, acima de tudo, o governo brasileiro precisa romper as relações diplomáticas para mostrar que não compactua com os massacres dos inocentes de Gaza. O governo deveria liderar uma campanha internacional pelo rompimento das relações diplomáticas com Israel, pois se trata de um Estado bandido, de um Estado fora da lei.

    Cabe a nós, cidadãos indignados com os crimes de guerra do governo e do exército israelitas, exigir que o governo brasileiro rompa as relações diplomáticas com o Estado judeu. Os nossos sentimentos de piedade e de compaixão nos obrigam a exigir do governo brasileiro que adote esta medida necessária.

    Precisamos nos unir aos israelitas que querem o fim da guerra e a queda do governo criminoso de Netanyahu. Precisamos nos unir aos milhares de estudantes das universidades norte-americanas que ocuparam as instalações, enfrentaram a polícia, pelo fim da guerra e em favor dos palestinos. Precisamos nos unir aos palestinos para que eles tenham o seu Estado livre e independente, seguro contra as agressões intermináveis que vêm sofrendo do Estado sionista de Israel.

    Aldo Fornazieri – Professor da Escola de Sociologia e Política e autor de Liderança e Poder.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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