Pensar dá trabalho
"Com pressa, sem tempo para pensar. Ouve e vai em frente. Tarcísio, Zema, Ratinho Jr. e Caiado são dessa turma", escreve Miguel Paiva
De fato, estou aqui matutando para ver se consigo passar pra vocês o que estou pensando. Essas últimas pesquisas da Quaest sobre o governo Lula e os governos estaduais de São Paulo, Goiás, Paraná e Minas Gerais me fizeram refletir. Ao mesmo tempo em que a avaliação do Governo Lula cresceu nesses estados, a avaliação dos governos estaduais foi muito acima do que eu imaginava. Lá o resultado das eleições foi extremamente favorável à direita. Venceu a ideologia da não ideologia, a demonização da política, a evangelização do pensamento. O resultado se vê. Mas foi o governo Lula que fez o salário durar mais, os preços ficarem mais acessíveis, a inflação diminuir a o ar mais respirável. Nada ideológico à primeira vista. A ideologia ficou com os governadores e só. Pouco foi feito nesses estados, mas muito foi dito e isso fica.
O caso de Maricá, aqui no estado do Rio, é um exemplo. Maricá sempre foi administrada pela esquerda. Lá você anda de ônibus gratuitamente, tem acesso aos livros, a educação e a saúde são exemplos de boa gestão. Em Maricá o Bolsonaro venceu. É a diferença entre o dia a dia, a administração da prefeitura que passa por atitudes, decisões concretas e surgem quase que como obrigações naturais e a ideologia da não ideologia que a eleição presidencial pregava.
Somos um rebanho com direito a transporte de graça? Acho que não. As pessoas não sabem que esse transporte de graça faz parte de uma política de esquerda que prioriza a população. A ideologia da esquerda é a que cria essas soluções. Por isso não existe em todo o Brasil.
As pesquisas mostram que Lula cresceu nesses rincões bolsonaristas porque faz um governo voltado e trabalhando pelo povo. Já os governos estaduais, que nada fazem de concreto além de reagirem com violência contra a população, dar apoio ao genocídio do Netanyahu, ou ignorar o meio ambiente como em Minas, recebe a chamada aprovação espontânea, quase religiosa, dogmática e automática.
É a população que não precisa refletir nem pensar para reagir. Recebe a informação e não questiona. Como tudo o que é comunicado hoje em dia. Com pressa, sem tempo para pensar. Ouve e vai em frente. Tarcísio, Zema, Ratinho Jr. e Caiado são dessa turma. Do mesmo jeito que temos que aprender a conviver com esta realidade dos estados eles também têm que aprender a conviver com as realizações do Governo Lula. Não temos que adotar a doutrinação deles, a linguagem impositiva e não reflexiva. Temos que continuar fazendo o que sabemos. Talvez comunicar melhor o que fizemos, mas nunca substituir a realização pela comunicação. Se não temos nada a dizer, acabamos mentindo e é isso o que eles fazem.
Pensar dá trabalho mas certamente nos deixa mais felizes.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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