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    Cláudio da Costa Oliveira

    Economista aposentado da Petrobras

    160 artigos

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    Petrobrás em risco extremo. Onde estão os brasileiros?

    “Enquanto isto, nos bastidores, a Royal Dutch Shell aguarda, atrás de seu “biombo” chamado Raizen, o momento do bote final”

    (Foto: ABr)

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    Jair Bolsonaro agora informa que quer privatizar a Petrobrás. “Eu já tenho vontade de privatizar a Petrobrás” https://exame.com/economia/privatizacao-da-petrobras-bolsonaro-quer-e-avaliara-com-equipe-economica/ Alega não suportar a pressão relativa aos preços do combustíveis. Ou seja, ao invés de resolver o problema, alterando a política de preços da companhia, decide por vende-la. Uma desculpa fantasiosa e fraca, para satisfazer os tolos. 

    Depois de aprovar açodadamente o PLC 11/20 , sem qualquer sentido, que fixa o valor de cobrança do ICMS, Arthur Lira, presidente da câmara federal, fala em privatizar a empresa

    “Esta é a pergunta que terá de ser feita: não seria o caso de privatizar a Petrobrás?” https://www.poder360.com.br/congresso/lira-diz-que-politica-da-petrobras-precisa-ser-revista-e-fala-em-privatizacao/  

    De 1940 a 1980 o Brasil foi o país que mais cresceu industrialmente no mundo. Em 1980 a indústria brasileira produzia mais do que as indústrias da China e da Coreia somadas. Este crescimento foi possível graças às nossas estatais (Siderbrás, Eletrobrás, Petrobrás, Telebrás etc.) a grande maioria idealizadas ou criadas na era Vargas. Naturalmente este desenvolvimento incomodou o resto do mundo, que sempre desejou que o Brasil se limitasse a ser um fornecedor de alimentos e matérias primas. Logo iniciou-se um trabalho de desmoralização de nossas estatais, que passaram a ser chamadas de “paquidermes”.

    Era preciso privatiza-las para o país “crescer realmente” Foi o início da destruição das esperanças brasileiras. 

    Mas a Petrobrás, que sempre foi ponta no desenvolvimento tecnológico, não podia ser chamada de “paquiderme”. Seu conceito junto aos brasileiros sempre foi elevado. A corrupção apontada na Lava Jato teve forte impacto mas não suficiente para eliminar a confiança na empresa. Foi então criada a “mãe das mentiras”, sem apresentar qualquer número, foi inventado que a companhia tinha sérios problemas financeiros, uma dívida impagável. O trabalho da mídia foi tão forte que a mentira virou verdade. Foi assim que a confiança que o povo brasileiro tinha na Petrobrás se transformou em desprezo. Deu-se início à destruição. A empresa que em 2014 tinha uma receita líquida de US$ 144 bilhões viu este valor cair para US$ 54 bilhões em 2020. Sem qualquer protesto.  

    A Petrobrás divulga em seu site a composição do preço do diesel pago pelo consumidor na bomba como vemos a seguir:

    grafico-petrobras

    Vejam que a participação da companhia é de 54% do preço ao consumidor. Como o preço médio do diesel S500 neste período era de R$ 4,80 por litro (dados Petrobrás e ANP), a parcela da empresa é de R$ 2,59 (0,54 x 4,80) por litro.

    Deste valor de R$ 2,59, apenas R$ 0,84 é custo da Petrobrás, que portanto tem uma margem de mais de 200% (vide https://www.aepet.org.br/w3/index.php/conteudo-geral/item/6922-lucro-da-petrobras-representa-mais-de-36-do-preco-do-diesel-na-bomba)  

    Portanto do preço de venda (R$4,80) mais de 36% é lucro da Petrobrás. Os impostos representam menos da metade deste valor. Fica claro que todo o problema está no preço da estatal. Todos sabem disto mas ficam discutindo o ICMS, para mostrar que tentam um solução. Governadores tem fóruns de discussão do assunto, mas ninguém aponta a verdade dos fatos. Qual será aparte de cada um neste butim?

    O deputado Paulo Ramos, em 1º de setembro p.p. fez requerimento (CD 212527785900) para instauração de CPI na Petrobrás, sendo esta a única forma de se aprofundar os conhecimentos sobre o assunto, chegando à verdade. Estranhamente, passados mais de mês e meio, poucos foram os parlamentares que a subscreveram.

    Recentemente, importantes e respeitadas entidades brasileiras (Aepet, ABI, Clube de Engenharia, Cofecon e Febrageo) assinaram manifesto pedindo o fim da política de preços da Petrobrás bem como uma CPI na instituição https://www.aepet.org.br/w3/index.php/conteudo-geral/item/6927-manifesto-da-aepet-e-entidades-exige-fim-do-ppi-com-cpi-na-petrobras 

    Mas ninguém quer escutar. Tem ouvidos de marcador. Vendem o futuro da nação despudoradamente, sem que o povo fique sabendo, pois nossa mídia, conivente, não informa. Ao que tudo indica esquerda e direita estão unidas pela destruição nacional, o resto é circo.

    O circo da patifaria está montado. Os palhaços são muitos. O custo do espetáculo será pago pelo Brasil e seus cidadãos 

    Enquanto isto, nos bastidores, a Royal Dutch Shell aguarda, atrás de seu “biombo” chamado Raizen, o momento do bote final. 

    Onde estão os brasileiros?

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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