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    Paulo Emilio

    Jornalista com atuação em alguns dos principais veículos comunicação de Pernambuco e do país. Atualmente é editor e comentarista do Brasil 247

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    Pioneiro do rock nacional, Erasmo Carlos deixa legado digno de um "Tremendão"

    'Um dos pioneiros do rock no Brasil, ícone da Jovem Guarda e da MPB deixa um legado inesquecível e único para a música brasileira', diz Paulo Emílio

    Erasmo Carlos (Foto: Reprodução/Facebook)

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    O ano de 2022 foi cruel com a música brasileira ao levar nomes como Elza Soares, Rolando Boldrin e Gal Costa, entre outros. Nesta terça-feira (22), levou também Erasmo Carlos, o “Tremendão”, um dos pioneiros do rock no Brasil e ícone da Jovem Guarda -  movimento que ao lado de Roberto Carlos e de Wanderléa sacudiu a cultura musical brasileira em meados da década de 1960 -, e também da MPB. 

    Nascido em 1941 e batizado como  Erasmo Esteves,  o fã de rock - era admirador confesso de Elvis Presley - e até então desconhecido músico, começou a carreira artística  em 1957, em uma banda chamada “The Sputniks”, que tinha entre os integrantes um certo Sebastião Rodrigues Maia, que mais tarde seria conhecido como TIm Maia, maior expoente da Soul Music brasileira. Tim Maia também teria ensinado o amigo a tocar violão. 

    A amizade com Roberto Carlos começou em 1958, quando o “Rei” o procurou para saber da letra da música “Hound Dog”, um clássico de Elvis Presley, para um programa de TV. A partir daí,  a parceria virou uma amizade praticamente indivisível. Mais tarde ele adotou o “Carlos” ao nome artístico em homenagem ao parceiro com que fez mais de 200 composições ao longo da carreira.

    A banda, porém, acabou rapidamente devido a uma briga entre Roberto e Tim Maia e foi rebatizada de  “The Snakes”. Depois se virou como compositor e chegou a ser cantor do grupo  “Renato e Seus Blue Caps”. Em 1964 lançou o solo “Terror dos namorados”, uma das primeiras parcerias com Roberto e que o lançou a um outro patamar. Um detalhe: o apelido “Tremendão” foi tirado de uma loja de roupas e acessórios que ele tinha na década de 1960.

    Foi nesta época que ele gravou o seu primeiro sucesso  - “Festa de arromba” - fruto da parceria com Roberto Carlos. Também é deste tempo a música “Quero que vá tudo pro inferno”,  que se tornou uma espécie de canção símbolo da Jovem Guarda.

    Em 1966, contudo, veio um revés. Ele, juntamente com Eduardo Araújo e Carlos Imperial, foi acusado de corrupção de menores. Todos foram inocentados algum tempo depois. A parceria com Roberto se desfez naquele ano pelo fato do “Rei” ter se irritado profundamente  com o fato de Erasmo ter fato de ter participado do “Show em Si...monal”, programa que o também genial Wilson Simonal apresentava na TV Record. A parceria foi retomada cerca de um ano depois com a música “Eu sou terrível”.

    Outra parceria marcante foi com a cantora Gal Costa, que assim como Erasmo encerrou sua passagem pela terra em novembro deste ano. Ele foi o compositor da música “Meu nome é Gal", um dos maiores sucessos da artista que marcou a MPB . 

    "O nome que eu dei para a música que eu fiz em parceria com Roberto pra ela, é muito forte: Meu nome é Gal que acabou virando nome de música, de filme. Ainda dei uma outra marca, Musa de Qualquer Estação, enaltecendo que Gal é uma obra de arte”, disse o “Tremendão” nas redes sociais pouco após o falecimento da cantora. 

    Ele também marcou uma geração bem mais nova ao gravar em 2001 o CD “Pra falar de amor”, onde foi firmada uma nova parceria com artistas como Carlinhos Brown, Marisa Monte e Marcelo Camelo. Nesta terça-feira (22), poucas horas após o falecimento de Erasmo ser noticiado, Nando Reis, ex-integrante do Titãs, disse que o grupo também bebeu da fonte da Jovem Guarda. "Comparo Roberto e Erasmo a Lennon e McCartney", disse o músico em entrevista à GloboNews.

    Falando em redes sociais, a última postagem de Erasmo Carlos no Instagram foi feita no dia 18 de novembro, quando agradeceu o recebimento do Grammy Latino pelo Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua Portuguesa, "O Futuro Pertence À... Jovem Guarda". Lançado em fevereiro deste ano, o disco é um EP com oito músicas em que o artista fez uma releitura do período da Jovem Guarda que nunca tinham sido gravadas por ele. 

    Erasmo Carlos foi chamado nesta terça-feira (22) para tocar em outro plano, mas deixa para aqueles que ficaram por aqui um legado composto por 682 músicas, 643 gravações registradas no Escritório Central de Arrecadação e Distribuição ( Ecad), mais de 800 composições e 38 discos na carreira.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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