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    Arnóbio Rocha

    Advogado civilista, membro do Sindicato dos Advogados de SP, ex-vice-presidente da CDH da OAB-SP, autor do Blog arnobiorocha.com.br e do livro "Crise 2.0: A taxa de lucro reloaded".

    139 artigos

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    “Pobres de direita”: quando o preconceito vence a política

    "A visão elitista e preconceituosa de taxar os pobres, como de direita não resolve nenhum problema", escreve o advogado Arnóbio Rocha

    (Foto: Tânia Rêgo/ABr)

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    Algumas formulações políticas para caracterizar classes, grupos sociais, estamentos, muitas vezes criam estigmas que vão no sentido oposto ao desejado, ou trazem uma imprecisão ainda maior sobre questões sociais, quando não se consegue explicar determinados fenômenos, aparecem essas fórmulas, que mais atrapalham do que ajudam, servem para lacração.

    Uma das piores que vi nesses últimos anos é a afirmação: “Pobres de Direita”, que no limite revela um profundo preconceito (de classe), se aproxima da aporofobia, a rejeição aos mais pobres. Essa tese carece de cientificismo, vinculado ao voto ou ao comportamento (circunstancial), que não prova nada, muito menos dialoga com o baixo nível político ou de consciência de classe.

    Parte significativa da esquerda adotou esse jargão “Pobres de Direita” como explicação para a perda de influência (política) sobre parcela significativa da população mundial. Ademais que, do meu ponto de vista, virou uma muleta à (falta de) política, de projetos estratégicos e táticos justamente para os mais pobres, os mais explorados pelo sistema capitalista cada vez mais concentrado e excludente.

    A ausência da esquerda nessas lutas reais, ou a recusa de se voltar ao trabalho de base, de conhecer as necessidades (presentes) combinado com a incapacidade de se enfrentar a luta ideológica imposta pelo Capital, que usa de todas as antigas ferramentas, educação, igreja, com as novíssimas ferramentas das redes sociais (algoritmos, IA) para captar os desejos elementares e fornecer suas próprias respostas, ganhando corações e mentes para sua continua escravidão.

    Deste lado, precisamos repensar nossas práticas políticas, ou se realmente temos elaboração política para enfrentar uma realidade tão cinza, com as mudanças significativas da realidade, a diminuição da concentração fabril, mesmo nos serviços, o que não fez desaparecer o TRABALHO, a mais valia, o Capital e sua taxa de lucros.

    A esquerda tem que se atualizar não por que a luta de classes, a exploração, mas como transmutou-se, não vale repetir fórmulas batidas ou tentar justificar nossos limites políticos e ideológicos, criando culpados, onde deveria ser a nossa solução de enfrentamento, a razão de um programa para superar o capitalismo.

    É um debate político árido e necessário.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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