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    Inez Lemos

    Psicanalista e autora de "Berro de Maria", ed. Quixote.

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    Política e vaidades

    As alianças, muitas vezes, são mal necessário

    Urna eletrônica (Foto: José Cruz/Arquivo/Agência Brasil)

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    Infelizmente fazemos política com o melhor e o pior de nós. Deslizamos na esteira da condição humana junto aos sintomas, traços que adquirimos ao longo da vida - frustrações, ressentimentos, orgulho, inveja, ciúmes, vaidades, maledicência. 

    Como seria bom se antes, todos que se propõem a se candidatar a um cargo político, o fizessem após alguns anos de análise. Evitaríamos muitos crimes, assassinatos, corrupções, desastres ambientais, entre outras tragédias.

    Há muito presenciamos brigas, disputas, puxadas de tapetes, traições entre partidos. Direita contra esquerda, normal. Mas há também esquerda contra outra ala dentro do mesmo partido. Quiçá de um partido contra outro do mesmo campo político. 

    E meio à guerra, temos a militância tentando compensar as falhas, suturar os buracos - fracassos. A hora é de tratarmos as feridas narcísicas e seguir ampliando o campo democrático popular. 

    Enquanto isso, a direita avança, ganha espaço e estabelece estratégias, pois a ela interessa apenas conquistar o poder para continuar defendendo seus interesses, sempre do Capital contra o Trabalho. O velho Marx deve estar em seu túmulo se destroçando de angústia. 

    Perdemos a prefeitura de BH, que era uma cidade petista, por conchavos - alianças para garantir voos mais altos. Depois, o governo de estado. Pimentel não consegue se reeleger, o lado contrário cruzou os braços. Em seguida veio o golpe da presidenta Dilma. Muitos de seu próprio partido apoiaram e contribuíram para sua derrubada. 

    Agora, o partido segue com poucos quadros, muitos envelheceram, outros tentam recuperar, se jogam e lutam para se imporem como novas lideranças. Mas é visível o distanciamento dos movimentos sociais. A população mais vulnerável, grande parte, foi cooptada pela teocracia. Baita pedra no caminho progressista.

    Importante é assumirmos que o momento é de união da esquerda em torno de um mal maior. O fascismo bate à nossa porta. Temos que reforçar a proteção. 

    As alianças, muitas vezes, são mal necessário. Lula jamais gostaria de ter que se aliar com União Brasil, entre outros. Mas e aí, José? 

    Política se faz com a realidade que se impõe. Às vezes ela nos força a darmos os anéis para não perdermos os dedos. Dizem que não devemos cutucar a onça com a vara curta. 

    No momento, frente à eleição para a prefeitura em BH, há divergências contra o tamanho da vara que a esquerda construiu para enfrentar ameaças de duas onças que nos espreitam. Uns acreditavam que conseguiríamos delas nos livrarem aliando-nos apenas com o campo progressista, outros temiam e até sugeriram ampliar o leque. Agora, que fazer? 

    Recuo estratégico? Talvez. 

    Quem sabe Lula esteja se precavendo para 2026, ao evitar sua presença na campanha de Rogério Corrêa em BH. Ter que adular animais menos perigosos por medo do futuro. As feras estão soltas. Pode precisar do apoio do candidato do PSD, que tenta a reeleição.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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