Por que a mídia é conivente com os ataques do império norte-americano à República brasileira
Boa parte da imprensa comercial trata as investidas dos EUA contra o STF com uma naturalidade inaceitável diante da gravidade do que está acontecendo
Vale tudo, tudo mesmo para desgastar o governo Lula. Mesmo se as agressões dos Estados Unidos sejam tentativas explícitas de violar a soberania do Brasil e sabotar o funcionamento autônomo e independente de seus poderes.
Por isso, boa parte das reportagens e das análises da imprensa comercial tratam as investidas de instituições dos EUA, controladas por Trump e em parceria com o bolsonarismo, contra decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro e do ministro Alexandre de Moraes com uma naturalidade inaceitável diante da gravidade do que está acontecendo.
Âncoras e comentaristas acabam até se traindo e exibindo ares de satisfação com a iminência de uma crise diplomática de proporções maiores. E falam de "pressão dos EUA sobre o ministro Moraes" e "ações norte-americanas questionando o STF" não como afronta a uma nação soberana, mas como uma mera questão de disputa política.
Aos fatos:
1) O Departamento de Estado dos EUA criticou decisões do STF relacionadas às big techs norte-americanas no Brasil, usando a velha cantilena fascista de colocar sob a proteção da liberdade de expressão toda sorte de crimes virtuais.
2) A Comissão Judiciária da Câmara dos Deputados dos EUA, uma espécie de Comissão de Constituição e Justiça deles, aprovou a proibição de entrada no território dos EUA de autoridades estrangeiras que violem a primeira emenda da Constituição, que veda a limitação da liberdade de expressão, abrindo caminho inclusive para a deportá-las.
3) Tramitam nos EUA processos de duas plataformas digitais contra o ministro Alexandre de Moraes: um movido pela Rumble, uma rede social de vídeo, e outro pela Trump Média & Tecnologia Group, que opera várias empresas e pertence a Trump.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o presidente Lula e o ministro Moraes reagiram aos ataques imperialistas, rechaçando interpretações políticas de decisões do Judiciário brasileiro e a falta de respeito à nossa legislação e à independência entre os poderes.
Mas a imprensa nativa, fiel ao seu sabujismo e viralatismo crônicos, esfrega as mãos, ávida para que os ataques escalem rapidamente, a ponto de se transformar em um impasse diplomático de consequências imprevisíveis. A cobertura sobre o assunto vem sendo marcada por um viés antipatriótico de neutralidade, como se os dois lados tivessem argumentos defensáveis.
Zero de indignação pela afronta à soberania do Brasil.
Zero de condenação às ações de Bolsonaro em conluio com outro país para nos atacar.
Se isso não é crime de lesa-pátria, o que mais será?
Tudo indica que a ofensiva dos EUA esteja só no início e vá crescer na medida em que o julgamento de Bolsonaro, que fatalmente o levará à cadeia, avançar.
Caberá, então, aos verdadeiros patriotas, os que prezam os valores democráticos e republicanos, se mobilizar em defesa da nação.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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