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    Bepe Damasco

    Jornalista, editor do Blog do Bepe

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    Por que a mídia é conivente com os ataques do império norte-americano à República brasileira

    Boa parte da imprensa comercial trata as investidas dos EUA contra o STF com uma naturalidade inaceitável diante da gravidade do que está acontecendo

    Elon Musk fala ao lado do presidente dos EUA, Donald Trump, no Salão Oval da Casa Branca em Washington, D.C., EUA 11/02/2025 (Foto: REUTERS/Kevin Lamarque/Arquivo)

    Vale tudo, tudo mesmo para desgastar o governo Lula. Mesmo se as agressões dos Estados Unidos sejam tentativas explícitas de violar a soberania do Brasil e sabotar o funcionamento autônomo e independente de seus poderes.

    Por isso, boa parte das reportagens e das análises da imprensa comercial tratam as investidas de instituições dos EUA, controladas por Trump e em parceria com o bolsonarismo, contra decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro e do ministro Alexandre de Moraes com uma naturalidade inaceitável diante da gravidade do que está acontecendo. 

    Âncoras e comentaristas acabam até se traindo e exibindo ares de satisfação com a iminência de uma crise diplomática de proporções maiores. E falam de "pressão dos EUA sobre o ministro Moraes"  e "ações norte-americanas questionando o STF" não como afronta a uma nação soberana, mas como uma mera questão de disputa política.

    Aos fatos:

    1) O Departamento de Estado dos EUA criticou decisões do STF relacionadas às big techs norte-americanas no Brasil, usando a velha cantilena fascista de colocar sob a proteção da liberdade de expressão toda sorte de crimes virtuais.

    2) A Comissão Judiciária da Câmara dos Deputados dos EUA, uma espécie de Comissão de Constituição e Justiça deles, aprovou a proibição de entrada no território dos EUA de autoridades estrangeiras que violem a primeira emenda da Constituição, que veda a limitação da liberdade de expressão, abrindo caminho inclusive para a deportá-las.

    3) Tramitam nos EUA processos de duas plataformas digitais contra o ministro Alexandre de Moraes: um movido pela Rumble, uma rede social de vídeo, e outro pela Trump Média & Tecnologia Group, que opera várias empresas e pertence a Trump.

    O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o presidente Lula e o ministro Moraes reagiram aos ataques imperialistas, rechaçando interpretações políticas de decisões do Judiciário brasileiro e a falta de respeito à nossa legislação e à independência entre os poderes.

    Mas a imprensa nativa, fiel ao seu sabujismo e viralatismo crônicos, esfrega as mãos, ávida para que os ataques escalem rapidamente, a ponto de se transformar em um impasse diplomático de consequências imprevisíveis. A cobertura sobre o assunto vem sendo marcada por um viés antipatriótico de neutralidade, como se os dois lados tivessem argumentos defensáveis.

    Zero de indignação pela afronta à soberania do Brasil.

    Zero de condenação às ações de Bolsonaro em conluio com outro país para nos atacar.

    Se isso não é crime de lesa-pátria, o que mais será?

    Tudo indica que a ofensiva dos EUA esteja só no início e vá crescer na medida em que o julgamento de Bolsonaro, que fatalmente o levará à cadeia, avançar.

    Caberá, então, aos verdadeiros patriotas, os que prezam os valores democráticos e republicanos, se mobilizar em defesa da nação. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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