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    Moisés Mendes

    Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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    Por qué te callas, ladrón?

    "Hugo Chávez deveria ser ressuscitado só para ver a cena de um antigo agressor pegando o avião e fugindo da Espanha", escreve Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia, em referência ao rei Juan Carlos

    (Foto: Reuters/François Lenoir)

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    Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democracia - Hugo Chávez deveria ser ressuscitado só para ver a cena de um antigo agressor pegando o avião e fugindo da Espanha.

    Juan Carlos, o rei corrupto, fez um dia uma pergunta desaforada a Chávez, durante intervenções na 17ª Cúpula Ibero-americana, em 2007, em Santiago.

    Foi quando o presidente espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, disse que Chávez deveria parar com os ataques contra José María Aznar.

    O venezuelano acusava Aznar, antecessor de Zapatero, de ser fascista e cúmplice de uma tentativa de golpe na Venezuela em 2002.

    No bate-boca entre os dois, Juan Carlos – para defender o compatriota e fazer média com a direita mundial – fez um aparte com a pergunta que correu mundo e o transformou em machão da direita.

    – Por qué no te callas?

    O rei valentão, que matava elefantes em caçadas na África para espantar o tédio, criou um dos bordões da direita mundial.

    Mas Juan Carlos nunca foi o que parecia ser. Era um reacionário corrupto com panca de rei liberal.

    Há dois anos é acusado de receber, desde 2011, US$ 100 milhões do rei Abdallah, da Arábia Saudita, depositados em uma conta na Suíça.

    Em 2014, talvez prevendo o que aconteceria mais adiante, entregou o trono ao filho, Felipe VI.

    Escapou de ser o monarca investigado e talvez deposto pelo recebimento de propinas e lavagem de dinheiro. Virou rei emérito.

    E agora decidiu que deve deixar a Espanha. Quer um esconderijo, não se sabe onde, para fugir da imprensa e, quem sabe, driblar a Justiça da Espanha e da Suíça.

    O filho agora rei seria um dos beneficiados, mas abriu mão da herança do pai para se livrar da acusação.

    Desde então, Juan Carlos não aparece em eventos públicos. É um traste sem utilidade, que não se mostra e nem abre a boca.

    Chávez morreu em 2013. Merecia ser ressuscitado apenas para fazer essa pergunta ao rei fujão:

    – Por qué te callas, ladrón?

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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