Prates anuncia fim do Preço Paritário de Importação (PPI), mas ajusta preço do diesel ao PPI
A Petrobrás deve abastecer o mercado brasileiro aos menores custos possíveis e garantir sua sustentabilidade empresarial
A direção da Petrobrás divulgou Fato Relevante [1] sobre sua estratégia comercial para o Diesel e a Gasolina, nele registra a substituição da atual política de preços praticada por suas refinarias.
No mesmo dia anunciou a redução em R$ 0,44 por litro do preço médio do diesel para as distribuidoras, que passará de R$ 3,46 para R$ 3,02. Já o preço médio da gasolina será reduzido em R$ 0,40 por litro, passando de R$ 3,18 para R$ 2,78 - valor pago pelas distribuidoras. [2]
É possível verificar o quanto os novos preços praticados pela Petrobrás estão distantes em relação ao Preço Paritário de Importação (PPI).
Em 17 de abril de 2023, o preço do Diesel S10, vendido pela Petrobrás em Paulínia (SP), estava em 3.075,70 R$/m³ (o equivalente a 3,08 R$/litro). [3] A estimativa do PPI, a partir dos preços do petróleo e da cotação do dólar no fechamento do mercado no dia anterior, é de 3.072,90 R$/m³ do Diesel. O preço ajustado pela Petrobrás em Paulínia (SP) está maior que o PPI.
A Figura 1 apresenta a variação relativa dos preços praticados pela Petrobrás e a estimativa do PPI para o Diesel S10.
Observa-se que o reajuste recente apenas reduziu o sobrepreço do Diesel S10 vendido pela Petrobrás na comparação com a estimativa do seu PPI. Em 3 de maio de 2023, o preço estava 14,3% superior ao PPI, com o reajuste o preço praticado no dia 17 de maio de 2023 está muito próximo do PPI.
Apesar do festejado anúncio do fim do PPI que nossa Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET) recebeu com esperança e ressalvas, o sincrônico anúncio da redução do preço do Diesel apenas o ajustou ao próprio PPI.
A AEPET acredita que a Petrobrás pode praticar preços inferiores aos paritários de importação (PPI) e obter excelentes resultados empresariais, com a recuperação da sua participação no mercado brasileiro e a maior utilização da sua capacidade instalada de refino.
Somente a Petrobrás consegue suprir o mercado doméstico de derivados com preços abaixo do paritário de importação e, ainda assim, obter resultados compatíveis com a indústria internacional e sustentar elevados investimentos que contribuem para o desenvolvimento nacional.
A Petrobrás deve abastecer o mercado brasileiro aos menores custos possíveis e garantir sua sustentabilidade empresarial, ao assegurar que suas margens operacionais sejam compatíveis com a indústria internacional, com alta capacidade de investimento e resiliente à variação do preço do petróleo.
Vamos acompanhar a nova política de preços para avaliar se será justa e competitiva, e dessa forma contribuirá com o crescimento e o desenvolvimento brasileiros. [4]
Por enquanto, não foi isso que aconteceu.
Referências
[1] Petrobras, “Petrobras sobre estratégia comercial de diesel e gasolina,” 2023.
[2] Agência Brasil, “Petrobras reduz em R$ 0,44 valor do diesel e em R$ 0,40 o da gasolina,” 2023.
[3] Petrobrás, “Tudo o que você precisa saber sobre os preços dos combustíveis”.
[4] AEPET, “Nota sobre a substituição do PPI pela Petrobrás,” 2023.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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