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    Inez Lemos

    Psicanalista e autora de "Berro de Maria", ed. Quixote.

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    Presente aos filhos

    Educação, quando bem sucedida, fonte de grandes alegrias

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    Educação. Nesse Natal dê aos filhos um presente fundamental, de enorme importância, utilidade e que está escasso no mercado. Educar bem um filho, filha, não é função fácil nos dias atuais. Mas sem isso, o caos só irá aumentar. Vou focar mais no masculino, pois há uma tendência das mães protegerem o filho homem, negligenciando, impondo menos limites aos pimpolhos.

    Eduque-o para que ele nunca xingue uma mulher de vaca, vagabunda, piranha. Tampouco agrida alguém, a violência revela fraqueza, insegurança, desespero. Educar implica preparar o sujeito para as adversidades da vida. Saber  suportar as frustrações.

    Ensine-o a ser honesto, não cobiçar a riqueza alheia, não invejar o sucesso do outro. Admirar sim, mas querer destruir o que o outro adquiriu, jamais. A inveja corrói a alma e fixa um ressentimento de difícil remoção.

    Educar implica dedicação, é construção diária. Quando conversamos com a criança, olhando-a nos olhos, explicando como deveria o mundo funcionar, apontando os equívocos da sociedade, ela passa a adquirir humanidade.

    A linguagem penetra no inconsciente, estruturando-o, formatando-o. É quando o simbólico arquiteta e passa a circular em sua subjetividade.

    Nunca vá pela via mais fácil, infelizmente exercer a função paterna, materna é uma escolha trabalhosa. Ter filhos é fácil, porém, exige responsabilidades das quais muitos fogem. Certo dia apareceu no consultório  uma jovem. Sintoma de depressão. Logo disse: "Eu coloquei o piercings para ver se meu pai percebia, pois mal me olhava. Apenas notou depois de seis meses. Eu não quero herança, quero atenção, um pai que goste de conversar comigo. Queria ser feliz em minha casa, coisa que não sou".

    Ninguém nasce deprimido, corrupto, assassino, golpista, terrorista, fascista, machista, racista, homofóbico.

    Algo na formação fracassa e propicia ao sujeito buscar aditivos narcísicos - tamponar as faltas, as incompletudes da condição humana.

    Contudo, educar bem é uma aposta. Aposta que nos ocupa, faz pensar, avaliar. Para Freud, há três tarefas infindáveis: Educar, Governar e Analisar. A educação é eterna, nunca estaremos prontos, a vida exige atualização. Governar - um país ou uma cidade, tarefa infindável. E a análise pessoal é reflexão contínua, trabalho que não cessa de se inscrever.

    Portanto, o melhor presente para um filho ou filha seria os pais se debruçarem sobre essa missão, função, obrigação. Vigilância e amor, limite e carinho. O maior erro é empaturrá-los de objetos de consumo, liberdade excessiva - permitir o imperdoável. Quanto tempo seu filho fica no celular por dia? É razoável?

    Educação, quando bem sucedida, fonte de grandes alegrias. Serão eles, os filhos, que irão retribuir proporcionando felicidade aos pais, fazendo valer todo esforço, trabalho, dedicação.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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