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    Paulo Emilio

    Jornalista com atuação em alguns dos principais veículos comunicação de Pernambuco e do país. Atualmente é editor e comentarista do Brasil 247

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    Pressa na conclusão de inquérito sobre assassinato de petista escancara as portas para novos atos de violência política

    "Inquérito foi concluído em apenas quatro dias com a alegação de que o crime não teve motivação política. Mas será que é isso mesmo?", questiona Paulo Emílio

    Camila Cecconelo, Guaranho e Marcelo Arruda (Foto: Reprodução)

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    Por Paulo Emílio

    O ditado popular de que “a pressa é inimiga da perfeição” se encaixa perfeitamente no fechamento do inquérito da Polícia Civil do Paraná sobre o assassinato do guarda municipal e tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda, pelo policial penal bolsonarista Jorge José Guaranho. Em uma demonstração impressionante de eficiência, o inquérito foi concluído em apenas quatro dias com a alegação de que o crime não teve motivação política. Mas será que é isso mesmo?

    O Paraná é governado por Ratinho Júnior (PSD), que já declarou apoio à reeleição de Jair Bolsonaro (PL). A primeira delegada a assumir o caso foi afastada após vir à tona a informação de que ela já havia feito manifestações políticas contra o PT. Guaranho, o atirador, usava as redes sociais para defender a ideologia bolsonarista de culto às armas e ódio aos adversários, como pregado pelo atual ocupante do Palácio do Planalto. 

    Na tarde do crime, no sábado (9), Guaranho teve acesso a imagens do circuito de segurança do local em que Arruda festejava seu aniversário em uma festa que tinha como tema decorativo o PT e o ex-presidente Lula. As imagens foram acessadas por uma pessoa durante um churrasco. Ao ver as imagens, o bolsonarista teria ficado incomodado com a temática da comemoração. 

    Após ingerir bebida alcoólica - segundo a polícia -, foi ao local da festa familiar, para o qual não foi convidado com o som do carro em alto volume tocando músicas pró-Bolsonaro, em meio a xingamentos e impropérios contra os participantes da festa. Ele estava acompanhado da mulher e de uma criança. Arruda reagiu jogando pedras e terra contra o carro. Aí vem a pérola da Polícia Civil paranaense. 

    Na coletiva de imprensa sobre as conclusões do inquérito, a delegada Camila Cecconelo, chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, disse que apesar de ter  existido “uma discussão por questões políticas”, “é difícil dizermos que ele matou por a vítima ser petista. Ele teria voltado por se sentir humilhado”. Tá bom…

    Apesar da “discussão por motivos políticos”, de ter sabido antecipadamente da temática da festa, de ter invadido o local para o qual não foi convidado, ele não cometeu o crime por razões políticas. Ele simplesmente invadiu o local aos gritos de “aqui é Bolsonaro”, apontou a arma e trocou tiros com Arruda porque” se sentiu humilhado”. Detalhe: quem disse que ele se sentiu humilhado foi a esposa do atirador e, aparentemente, com base nisso a polícia amarrou a conclusão do inquérito. 

    A pressa coloca mais lenha na fogueira da violência política nas eleições deste ano. Ao não aprofundar as investigações concluídas em tempo recorde, a polícia praticamente avaliza a violência política pregada por Bolsonaro e seus apoiadores. 

    Desde que chegou ao poder, Bolsonaro vem afirmando que não vai aceitar outro resultado eleitoral que não seja a sua reeleição. Nesta linha, além de pregar o “fuzilamento da petralhada”, ele escancarou o uso de armas pelos seus apoiadores. Desde o início do atual governo, os registros de armas de fogo nas mãos de civis cresceram 474%, chegando a quase 1,5 milhão. 

    Estas armas, é bom lembrar, poderão ser usadas em novos atos de violência como o de Foz do Iguaçu.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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