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    Cláudio da Costa Oliveira

    Economista aposentado da Petrobras

    160 artigos

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    Programa Pró-Brasil é o caminho, mas precisa da participação Petrobrás/China

    A atual política de venda de ativos da empresa tem de ser paralisada e se possível tentar reaver vendas feitas. A atual política de preços chamada de Preço de Paridade de Importação – PPI, uma verdadeira jabuticaba venenosa, tem de ser revista também. A participação chinesa tem de ser avaliada com muito carinho

    “A Petrobrás pode investir US$ 50 bilhões por ano (R$ 250 bilhões) em projetos nas áreas de petróleo e gás”  

    INTRODUÇÃO

    O programa Pró-Brasil recentemente lançado pelo Chefe da Casa Civil do Governo, Gen. Braga Neto, é o único caminho viável para retirar o país do “atoleiro” provocado pelas políticas neoliberais arcaicas que vem sendo implementadas por Paulo Guedes e seus assessores. 

    O programa prevê investimentos em infraestrutura ( ministro Tarcísio ) de R$ 30 bilhões e desenvolvimento regional ( ministro Rogério Marinho ) de R$ 185 bilhões nos próximos 3 anos

    Guedes e sua equipe, que não compareceram ao lançamento do novo programa, o apelidaram de “PAC da Dilma”, e que não sairia do papel. 

    Mas a atual política econômica já vinha conduzindo o país para a recessão, ao contrário do que afirma Guedes, pois inibe os investimentos impedindo o crescimento do PIB e a geração de empregos. 

    Com a crise da pandomia do coronavirus a situação se agravou, ao invés de recessão o país caminha para a depressão se não forem tomadas providencias desenvolvimentistas. 

    O presidente Jair Bolsonaro por seu lado parece que vacila ao tomar decisões. Depois das demissões de Mandetta e Moro, Bolsonaro não quer, no momento, perder mais um nome forte de seu governo . 

    Em reunião no Alvorada nesta segunda (27), Bolsonaro disse que “só Paulo Guedes decide sobre economia”.

    Mas os fatos exigem correção de rumo imediata. 

    A PETROBRÁS 

    Para obter resultados mais efetivos o Pró-Brasil precisa que a Petrobrás retome seus investimentos. 

    A Petrobrás pode investir US$ 50 bilhões por ano ( R$ 250 bilhões ) em projetos nas áreas de petróleo e gás. 

    Entre 2009 e 2014 a Petrobrás investiu mais de US$ 250 bilhões, principalmente em exploração e produção no pré-sal. 

    Foram estes investimentos que vão fazer a companhia atingir uma produção de mais de 5 milhões de barris dia de petróleo à partir de 2026. Os projetos na área de petróleo exigem um longo tempo para maturação. 

    À partir de 2015, com o escândalo da Lava Jato, os investimentos foram reduzidos. Em 2016 com a entrada do governo Temer, a política neoliberal além de paralisar os investimentos passou a entregar importantes ativos da companhia para o capital internacional. 

    Em 2019 a Petrobrás adquiriu o direito de exploração e produção na área excedente à cessão onerosa ( mais de 15 bilhões de barris)

    O momento é ideal para a empresa retomar seus investimentos. Estudo do INEEP, instituto ligado à Federação Única dos Petroleiros – FUP, indica que cada R$ 1 bilhão investidos pela Petrobrás geram um efeito de R$ 1,25 bilhão no PIB brasileiro e criam 25 mil novos empregos. 

    Investindo US$ 50 bilhões (R$ 250 bilhões) por ano a Petrobrás sozinha promoveria a criação de 6,25 milhões de empregos, o que viria em boa hora. 

    A companhia poderia almejar alcançar uma produção de 10 milhões de barris dia em 2033. 

    Isto exigiria um parceiro adequado e, no meu entendimento, este parceiro é a China. 

    A CHINA 

    Há muitos anos a China é o maior parceiro comercial brasileiro. Principal mercado de nossos produtos agrícolas (soja, milho, algodão etc) pecuários ( aves, suínos e bovinos), minério de ferro e petróleo. 

    Tem propiciado enormes superávits comerciais ao nosso país. 

    Desde o primeiro leilão do pré-sal em regime de partilha, no campo de Libra, até o último leilão em 2019, tem atuado em parceria com a Petrobrás. 

    Fez empréstimos ( US$ 10 bilhões) para a Petrobrás sem exigências de garantias e estabelecendo os pagamentos em petróleo , não em dólar ou yuan. 

    Isto torna o negócio auto sustentável, imune a problemas futuros de consumo mundial de petróleo. Informaram que tem muito mais disponível para aplicar em petróleo e gás no Brasil. 

    Iniciaram estudos para retomada das refinarias premium no nordeste. Projetos iniciados e abandonados pela Petrobrás . Eu mesmo escrevi alguns artigos sobre isto como o a seguir :  

    https://aepet.org.br/w3/index.php/conteudo-geral/item/1048-refinaria-no-nordeste-agora-e-negocio-da-china 

    Os estudos foram paralisados depois que a Petrobrás anunciou sua intenção de vender suas refinarias. 

    Naturalmente os chineses vislumbraram oportunidade de fazer um negócio melhor. Mas nada impede que estes projetos sejam retomados em sociedade com a própria Petrobrás. 

    CONCLUSÃO  

    O programa Pró-Brasil é indispensável para o país principalmente nesta situação de crise. 

    A participação da Petrobras na qualidade de investidora autônoma, cujos investimentos independe do crescimento da demanda agregada, e em volumes que podem fazer a diferença neste momento, é fundamental. 

    A atual política de venda de ativos da empresa tem de ser paralisada e se possível tentar reaver vendas feitas. 

    A atual política de preços chamada de Preço de Paridade de Importação – PPI, uma verdadeira jabuticaba venenosa, tem de ser revista também. 

    A participação chinesa tem de ser avaliada com muito carinho. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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