PTB ressurge para resgatar o debate político nacional
Para essa ‘nova geração’, partido político é apenas uma formalidade legal para obtenção de registro de candidatura
Estamos chegando ao fim do primeiro quarto do século 21, com mais dúvidas do que certezas quanto ao futuro político do Brasil. Como explicar, por exemplo, a importância de um partido na vida do sujeito que arregimenta dois milhões de seguidores em menos de 24 horas em suas redes sociais, na base da ‘lacração’? E já está cheio de gente assim, usando a tribuna do Congresso, apenas como cenário de fundo para o Instagram.
Para essa ‘nova geração’, partido político é apenas uma formalidade legal para obtenção de registro de candidatura. Uma mera burocracia. E o pior é que muitos presidentes de legendas partidárias, de olho nas verbas eleitorais, aceitam esse papel de despachante. Não sabem, porquanto são estúpidos, que estão cavando a própria sepultura.
Um bom exemplo é o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que é refém do bolsonarismo para manter grande a sua bancada na Câmara e no Senado. No dia que o Bolsonaro resolver ir embora – o que já fez muitas vezes -, Nikolas Ferreira e seus assemelhados irão juntos. E o PL voltará a ser nanico.
Como também se tornou insignificante, infelizmente, o PDT de Leonel Brizola, nas mãos de Carlos Lupi. É triste ver uma das maiores expressões do trabalhismo brasileiro, se tornar barriga de aluguel para candidatos sem qualquer vinculação com os compromissos históricos da legenda.
Sob uma perspectiva exclusivamente eleitoral, acredito que os partidos políticos só sejam relevantes apenas para o campo ideológico progressista. Para a direita, é um entrave. E não tardará o dia em que ganhará forças o debate sobre candidaturas avulsas. Aí bastará colocar um P antes de Facebook, Instagram e Youtube, e partir em busca dos eleitores.
Felizmente, ainda resta um pouco de esperança nesse cenário sombrio. E surge justamente naquela que é a legenda mais histórica da política brasileira: o PTB. Como o partido que esteve diretamente ligado às eleições de Dutra, Vargas, Juscelino e João Goulart foi cair nas mãos de Roberto Jefferson, é assunto para outro artigo.
O importante agora é entender como a correção de rumo do PTB, agora nas mãos do veterano Vivaldo Barbosa, uma liderança histórica do trabalhismo junto com o governador Leonel Brizola, poderá contribuir para que os demais partidos do campo progressista possam resgatar seus valores esquecidos.
O presidente Lula, que sabe o que é fome e miséria, fez de seus três governos a luta obstinada pela redução das desigualdades. Está corretíssimo. O problema é que, para manter esse modelo de desenvolvimento social, Lula precisou vender os anéis para compor a base de governabilidade, e que a comida em cima da mesa só estaria garantida se elegesse seus sucessores. Mas, o que vimos, com a alternância de poder, foi a fragilidade dos programas de segurança alimentar, direito a moradia digna, saúde e educação, que não resistiram aos sete anos dos governos Temer/Bolsonaro.
Vivaldo Barbosa, que apoia o presidente Lula, espera que o governo não se omita diante de muitas questões nacionais que precisam de respostas. “O PTB é o DNA do trabalhismo no Brasil. Daqui se originou a legislação trabalhista, o salário mínimo, a Previdência Social, a criação de estatais estratégicas, como a Petrobras e a Eletrobras. O governo já deveria ter se posicionado a respeito das privatizações que entregaram nossa matriz energética para grupos estrangeiros, permanece inerte diante da reforma da Previdência, que prejudicou milhões de trabalhadores em idade de se aposentar, ainda não recompôs o poder de compra do salário mínimo, que hoje representa apenas 1/5 do valor estipulado pela lei que o criou, em 1940 por Getúlio Vargas”, disse.
O novo presidente do PTB, que foi deputado federal por duas vezes e um dos principais colaboradores do governador Leonel Brizola - onde inclusive ocupou o cargo de secretário de Justiça -, sabe que o êxito de qualquer projeto político começa na escolha da equipe com quem vai trabalhar. Por isso está trazendo para dentro da legenda importantes personagens políticos que, assim como ele, pensam no desenvolvimento do Brasil sob o prisma do trabalhismo e do nacionalismo.
Um deles é o ex-prefeito de Campinas, Dr. Hélio de Oliveira Santos, que durante seus dois mandatos no município promoveu uma verdadeira revolução social, gerando emprego e renda que beneficiou não apenas a cidade, mas também o seu entorno. Hélio, que agora integra a Executiva Nacional do PTB, acredita que, já em 2026, o partido terá condições de levar ao eleitor um novo projeto político, focado no resgate histórico dos valores do partido em benefício dos trabalhadores, dos aposentados, da juventude, das mulheres, fazendo da inovação e tecnologia instrumentos de promoção social.
Se conseguirão, é uma incógnita. Porém, desse entusiasmo já temos um mérito, que é o resgate da paixão por se fazer política de verdade, mostrando que existe vida inteligente fora da internet.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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