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    Luís Costa Pinto

    Luis Costa Pinto, jornalista, editor especial do Brasil 247 e vice-presidente da ABMD, Associação Brasileira de Mídia Digital

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    Publisher de “O Estado de S. Paulo” destruiu “Veja” e Editora Abril entre 2003 e 2016. Faz o mesmo com o jornalão paulista

    Eurípedes Alcântara é o nome por trás das perseguições ideológicas maniqueístas, dos erros de informações e da adernada à extrema-direita do jornal conservador

    Estadão (Foto: Reprodução)

    Por Luís Costa Pinto, do 247 em Brasília - Depois de sair da direção editorial da revista Veja, consumado o golpe do impeachment sem crime de responsabilidade contra Dilma Rousseff, em 2016, o jornalista Eurípedes Alcântara fez uma escala biográfica como publicitário. Trabalhou junto com agências que prestavam serviços a empresas privadas e públicas beneficiárias da deposição de Dilma. Dali, foi convocado pela família Mesquita, detentora do controle acionário de O Estado de S. Paulo S/A, para assumir a posição de publisher do jornal impresso e do portal ligado a ele. Tendo sido o protagonista central da desmoralização editorial de “Veja”, que havia sido, antes dele, o maior e mais acreditado veículo de mídia impressa do País, Eurípedes teve papel central na desorganização financeira e posterior bancarrota da Editora Abril, que publicava “Veja”. Agora, transpõe os mesmos métodos para o alquebrado “Estadão”. No mercado editorial, vislumbra-se o mesmo fim da Abril e de Veja para o “Estadão” de Eurípedes.

    O publisher de O Estado de S Paulo é um dos co-autores da bula editorial divulgada hoje na rede interna dos jornalistas da publicação paulista por meio da qual é explicado como o “Estadão” se prestou a ser um franco-atirador incumbido da missão de assassinar a reputação do ministro da Justiça, Flávio Dino. Numa série de textos cometidos pela publicação e pelo portal deles, foram disseminadas mentiras contra Dino - a principal delas dizendo que o ministro recebera uma “dama do tráfico” ligada a facção do Amazonas. Flávio Dino não recebeu a mulher, que tampouco era “dama do tráfico”, alcunha dada a ela por uma única fonte off the record do jornal. De resto, contra a indigitada personagem, não há sentenças transitadas em julgado. 

    “Como vocês já sabem, estamos padronizando e aperfeiçoando nossas regras de jornalismo para melhorar a qualidade do conteúdo que produzimos. Apresentamos a seguir novas orientações, que passam a valer a partir de agora”, diz o texto que tem Eurípedes Alcântara como co-autor. E segue: “1) Atribuição de crimes. As reportagens do Estadão não podem imputar crimes  a pessoas com base na apuração de outros veículos ou simplesmente em off. Na maior parte dos casos, não temos como checar a qualidade da apuração dos concorrentes. Se eles erram, erramos também. A mesma coisa com fontes anônimas. Se elas falham, a falha passa a ser nossa”.

    O texto, portanto, dá-se a posteriori dos erros cometidos contra o ministro da Justiça, que teve a tal “dama do tráfico do Amazonas”, alcunha foirjada pelo Estadão, como coadjuvante no processo de assassinato de reputação. “Reforçamos que nossos profissionais devem ser extremamente cuidadosos em reportagens que atribuem crimes a pessoas, empresas, entidades, etc”, segue o texto mal-ajambrado de tortuosa admissão de culpa. “Portanto, a regra geral é: no Estadão, a imputação de crime só pode ser feita com acesso de nossa reportagem ao inquérito sobre o caso. Se não for possível ter a cópia do processo, ao menos uma leitura atenta, com a anotação do número do inquérito ou documento equivalente, para nossa segurança”, conclui o texto.

    Eurípedes Alcântara, quando em Veja, foi o mentor intelectual de diversas ações de fuzilamento reputacional de integrantes do governo federal - sobretudo de integrantes ligados ao PT e próximos a Lula e à ex-presidente Dilma - e de ataques a jornalistas independentes. Eu mesmo sofri no miolo da engrenagem de trituração de biografias que ele montou a partir do bunker de onde comandou a devastação editorial da revista e da Editora Abril. Como o maestro do Titanic, seguia impávido em seu posto enquanto tudo afundava. Agora, toca a mesma orquestra rota e esfarrapada no jornal da família Mesquita que já viveu dias bem melhores, mesmo dando voz a seu conservadorismo atávico. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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