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    Alex Solnik

    Alex Solnik, jornalista, é autor de "O dia em que conheci Brilhante Ustra" (Geração Editorial)

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    Putin jogou Maduro contra Lula

    "Putin não conseguiu dessa vez, mas um dia irá filiar a Venezuela ao BRICS", escreve Alex Solnik

    Vladimir Putin na Cúpula do BRICS em Kazan, Rússia (Foto: Sputnik)

    Putin preparou uma surpresa para Lula na reunião do BRICS. Somente ao desembarcar, em Kazan, o presidente brasileiro saberia que estaria lá alguém com quem evitava se encontrar. Putin convidou Maduro sem avisar a ninguém. 

    A cilada não deu certo porque Lula foi impedido de viajar na última hora.

    Mas Putin não perdeu a oportunidade de jogar confete. Declarou que a Venezuela estava apta a ingressar no grupo, mas não seria possível devido ao veto do Brasil.

    Maduro voltou a Caracas empoderado pelas palavras de Putin, cuspindo marimbondos contra Lula e o Brasil. Para surpresa de ninguém, petistas-raiz deram razão a Maduro e a Putin, não a Lula, acusando-o de “ingratidão” e “falta de solidariedade”.

    Como se a geopolítica fosse movida a sentimentos humanos.

    A Venezuela é a prioridade da política externa russa na América Latina, o que me disse, há uns dez anos, o cônsul-geral da Rússia em São Paulo. 

    Por meio da Rosneft, uma das mais poderosas petrolíferas do mundo, a Rússia investiu pesado em poços de petróleo na Venezuela, em joint-venture com a PDVSA de Maduro, que vai durar, é claro, enquanto ele for o chefe. 

    A Rosneft também adiantou bilhões de dólares à PDVSA, e Moscou é o grande fornecedor de armas ao país, ao lado da China. Há, enfim, uma teia de interesses entre Putin e Maduro.

    Não interessa, portanto, em hipótese alguma a Putin que Maduro saia de cena. Pouco importa se as eleições foram limpas.

    Putin tinha três objetivos ao incentivar e apoiar a filiação da Venezuela ao BRICS: fortalecer a posição da própria Rússia, filiando um fiel aliado; abrir uma porta para socorrer Maduro da “sinuca de bico” em que está em razão das sanções dos Estados Unidos, e assim ajudar o país a tomar o lugar do Brasil como a maior força econômica regional, que é tudo o que Putin quer, porque a Venezuela tem muito mais petróleo que o Brasil. Mais do que qualquer outro país.

    Putin não conseguiu dessa vez, mas um dia irá filiar a Venezuela ao BRICS.

    Não foi só por não reconhecer a vitória de Maduro nas eleições de 28 de julho que o Brasil vetou a Venezuela; foi para resguardar os interesses nacionais de maior potência econômica da América Latina.

    O que interessa a Putin não interessa ao Brasil. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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