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    Luiza Coppieters

    Formada em Filosofia pela USP, comunista, é trabalhadora

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    Que se extingam os cargos das Forças Armadas dos militares que estão no governo

    Há décadas somos obrigadas a ouvir, de liberais e seus filhotes neoliberais, que é necessário reduzir o Estado. O Estado é custo, enunciam ideologicamente este grupo nefasto à vida brasileira. Deve-se cortar investimentos, privatizar empresas e fazer superávits fiscais – esse é o mantra dos arautos do Mercado, entidade alçada à divindade onisciente. Quem, da minha geração, não se lembra da expressão “o Estado é um paquiderme”? E das capas ilustrativas de revistas da ordem sempre dispostas a propagandear o pensamento único?

    Ademais, bradava-se aos quatro ventos, especialmente quando o PT estava no governo – e apenas quando algum governo de centro-esquerda está no poder – que é necessário cortar cargos comissionados. Além de custos para os contribuintes, tratava-se de “aparelhamento do Estado”. O tão combalido e pobre Estado estaria sendo maculado na sua “neutralidade” por essa tal ideologia de esquerda – sempre “comunizante”.

    Pois bem, hoje vemos o partido das Forças Armadas (FFAA) ocuparem mais de 6,3 mil cargos na administração federal. O projeto de poder das FFAA é o projeto do governo de Jair Bolsonaro, títere das corporações militares. Estão na estrutura ministerial do governo, ocupam inúmeros cargos DAS, dirigem em estatais, enfim, ocupam áreas finalísticas e áreas-meio do Estado.

    A pergunta que não se faz é: se esses militares podem ser deslocados das FFAA para funções civis, qual é o sentido de se manter as funções militares que ocupam nas FFAA? Nada mais lógico do que se questionar a utilidade dos cargos desses militares nas FFAA – e do dispêndio que é para os contribuintes, não é, meus caros liberais? Se podem se dedicar a desenvolver, a operar funções civis de caráter organizacional, regulador, regulamentador, operacional e decisório do Estado, abandonando as especificidades das FFAA, regulamentadas na Constituição; resumindo: se podem abandonar as FFAA para executar outros serviços, os serviços que desempenhavam nas corporações militares ou eram inúteis ou banais – portando onerosos.

    O partido das FFAA vem conseguindo, desde de o governo golpista de Temer, aprovar bonificações, gratificações, benefícios, aumentos salariais e privilégios. Muito pouco se ouve sobre isso na mídia corporativa. Afinal, esse custo está embutido no acordo que sustenta esse governo, cujo projeto é o desmantelamento do Estado, privatizações, destruição de direitos da classe trabalhadora e a espoliação das riquezas do país pelas frações da classe dominante.

    Às FFAA, essa entidade parasitária que serve como instrumento de força para amedrontar e exterminar o próprio povo brasileiro, cabem as benesses próprias dos cães de guarda da classe dominante. Ao lado da aristocracia judiciária, são anteparo aos anseios populares e assim colhem alguns favores – um prestígio aqui, um ganho ali. 

    Seus funcionários, alocados na administração pública, tratam de encaminhar as estatais para a privatização. Como o discurso que procura legitimar a entrega de patrimônio público à sanha de empresas privadas é de que não dão lucro, os milicos tratam de geri-las da pior forma possível. Não se sabe se por incapacidade ou para depois estufar o peito e dizer: “missão cumprida”. 

    Por outro lado, quanto às polícias que não conseguem combater o crime, se elegem e ocupam cargos com o discurso de combate ao crime. É o país dos inúteis e imprestáveis que se alçam ao poder como se fossem os mais capazes. Notório é que são apenas capatazes.

    A pergunta, evidentemente retóricas, dirigem-se aos liberais e seus mutantes neoliberais: por que não reduzir custos cortando gastos inúteis desses militares nas FFAA, já que ocupam cargos civis? Afinal, como podem ocupar cargos tão díspares? E qual é o sentido dos cargos militares, se não se trata de exercê-los, mas apenas de exibi-los, como sinal de prestígio, tal qual escoteiros exibem suas condecorações?

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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