Que tiro foi esse? Considerações do caso Trump
"O atentado aconteceu. Não há dúvidas. Mas vamos acrescentar questões a essa historia"
Volta e meia, na disputa de uma extrema direita com a esquerda, em caso de empate na boca de urna, vemos algum fato dramático acontecendo para mudar o rumo das eleições. Vimos isso nas eleições de Bolsonaro, onde estava com 20% e acabou subindo para 26%. Sem participar de mais nada, afinal eram esdrúxulas contribuições, o então candidato acabou vencendo as eleições daquele ano. Muito similar, na ascensão de Hitler ao poder, houve o tiro que acertou o Führer e assim contribuiu para a vitória do partido nazista ao poder. Agora, na reta final, com equilíbrio dos dois candidatos, Trump sofre um atentado em seu discurso. Muitos se apressam para j[a declaram o candidato da extrema direita de vitorioso.
O atentado aconteceu. Não há dúvidas. Mas vamos acrescentar questões a essa historia. Como o modus operandi é o mesmo na extrema direita, podemos relembrar que durante a campanha de Trump em 2016, em um comício em Nevada, o então candidato teve que ser retirado do palco pelos seus seguranças por ameaça de atentado. Um rapaz foi preso. Dessa vez, um atirador, ligado ao partido Republicano, Thomas Crooks, garoto de 20 anos, foi o autor e abatido. Ele usou uma AR-15, conhecida por lá como símbolo da liberdade. Essa arma é sempre associada a assassinatos em massa nos EUA, lembrando que o próprio Trump rejeitou o endurecimento das leis sobre armas no país. Sua distancia do palco era muito propicia para acertar, dando um certo ar de desconfiança ao serviço de inteligência. Como não podia deixar de fazer, ao final, ensanguentado, faz o gesto de vitória, aproveitando o valor politico do fato, tendo a bandeira americana ao fundo das fotos para a imprensa. A construção semiótica da cena foi perfeita. Tanto que dará a vitória, no lugar de dezenas de debates. A principal casa de apostas americana, Polymarket, d[a mais de 60% de chances de Trump vencer as eleições e 80% do partido Republicano dominar o senado.
Considerando que o eleitor de Trump é blindado a qualquer fato negativo, tanto que o próprio já falou que poderia matar alguém na quinta avenida, que não perderia as intenções de voto, esse fato apenas serve para agregar indecisos e aqueles de centro direita. Enquanto Biden se torna fraco e ineficaz diante do fato, os movimentos de solidariedade apenas crescem, como do rapper 50 cents em seu show. Um alvoroço cresce com a expectativa de vitória de Trump para alavancar novamente a extrema direita pelo mundo. Nunca saberemos o lado do atirador, pois foi abatido, assim como Lee Oswald, não teremos conclusão a tempo das eleições e mesmo sabendo que Crooks era um péssimo atirador, os resultados deverão sair daqui a um tempo.
Mas estranhamente, Steve Bannon, que fez o marketing da campanha de Trump e ajudou Bolsonaro, tinha falado antes que a vida de seu pupilo estava em risco. E de atentados os americanos entendem. E devemos nos perguntar, os seguranças, mais qualificados do mundo, funcionam em todos os comícios, mas apenas perto da eleição eles falham, como com Bolsonaro. O que diria o banqueiro Goldman Sachs? Para onde Trump quer mirar uma guerra que interessa ao grande capital? América Latina? Brasil?
A vitória de Trump estava se encaminhando, mesmo com a disputa acirrada, o desfecho com a tentativa de homicídio seria a cereja do bolo, para tornar o triunfo sem duvidas. A menos que haja uma desistência de Biden, por alguém que tenha possibilidades reais de vencer. No momento Trump não está preocupado. Menos de 24h depois do atentado, foi visto praticando golfe, mesmo tendo sido quase atingido e com um apoiador morto e mais dois feridos. Ele quer passar uma imagem de forte ou é segurança daqueles que estão leves com que aconteceu? Mais uma vez, digo que o fato ocorreu, mas existem mais perguntas do que certezas nesse caso, então é preciso estar atento e forte.
O tiro vai sair pela culatra ou veremos cenas do próximo capitulo? Já teremos que nos preparar para um novo ciclo mundial da extrema direita, e é Natal outra vez.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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