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    Rodolfo Fiorucci

    Doutor em História pela UFG, docente no Instituto Federal do Paraná – IF Jacarezinho

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    Que venha 2022

    "Que o novo ano traga mais reflexões e menos certezas, que valore a CIÊNCIA e coloque as fakenews e a idiotia no ostracismo perpétuo!"

    (Foto: José Barbacena)

    Que esse “Ano Novo” seja mais que ufanismo disfarçado de boas intenções. Mais que regado com bebidas fartas (para os que tem acesso). Mais que sorrisos amarelos, abraços solúveis e palavras órfãs (de sentido e de Covid).

    Que seja mais que egoísmo pueril de aglomerações sem cuidados, e que a ÉTICA coletiva supere a MORAL hipócrita individualista.

    Que o “novo ano” traga mais reflexões e menos certezas, que valore a CIÊNCIA e coloque as fakenews e a idiotia no ostracismo perpétuo!

    Que seja capaz de nos fazer olhar o outro (ou o próximo, que seja), ainda que diferente de nós (ou somos nós diferentes dele? – quem decide isso?), com respeito e ternura. 

    Que sejamos capazes de compreender a diversidade e tomá-la como natural, bela e saudável. Que nossos comportamentos falem por nós, e não as vãs palavras. Que sejamos menos arrogantes, preconceituosos e intolerantes. 

    Que o gosto pelo conhecimento nos encha de volúpia, e flertemos com a razão mais do que a opinião vaga, narcizista e insuficiente. Que nossa crença ou falta dela não seja julgada sumariamente, sem o mínimo de conhecimento sobre cada ser vivente em suas particularidades.

    Que toda a injustiça seja observada de maneira clara e indignada, e não naturalizada e aceita. Que as razões da miséria sejam debatidas e que os miseráveis não sejam culpados pelas suas desgraças socialmente erigidas.

    Que todo humano seja visto como um igual, um ser de carne, osso, bílis, sangue, amor, enganos, sofrimento, alegria e dor. Uns desses elementos mais em uns que em outros, mas todos vizinhos, irmãos, partícipes de um mesmo espaço-mundo. 

    Que nenhuma mulher receba dezenas de facadas no rosto, no corpo, na frente dos filhos, na frente do público ou na privacidade do lar. Que o feminicídio não se torne rotina. Que nenhuma mulher e criança seja culpabilizada pelo esgarçamento de sua carne e alma quando violentada pelo falo estrutural do machismo, sustentado como obeliscos encravados em gabinetes de juízes, promotores e delegacias! 

    Que nenhum(a) negro(a) suplique por ar, enquanto um joelho branco e uniformizado com o peso do Estado esmaga seu pescoço ou costas. “I can’t breathe” (EUA). “Eu estou morrendo” (Carrefour-Brasil). 

    Que nenhuma bala perdida ache corpos negros infantis. E que essas vidas ceifadas pelo mesmo Estado uniformizado não virem apenas estatística e indiferente rotina.

    Por fim, que o mosaico de crenças, culturas e ideologias seja apenas um adendo no grande arco-íris de homens, mulheres e crianças negras, amarelas, vermelhas e brancas (e suas belas misturas); e que, juntos, todos possam colorir o mundo que vem sendo pintado de cinza pelas tacanhas posturas de parvas lideranças mergulhadas na lama da estupidez. 

    O mal do mundo não é um vírus, mas o que poderosos incautos, desarrazoados e incompetentes fazem frente ao mal! 

    Uns projetam luz. Outros trevas! 

    Feliz "Ano Novo".

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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