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    Cesar Calejon

    Jornalista, mestre em Mudança Social e Participação Política pela USP com especialização (MBA) em Relações Internacionais pela FGV. Autor dos livros A ascensão do bolsonarismo no Brasil do Século XXI, Tempestade Perfeita: o bolsonarismo e a sindemia covid-19 no Brasil e Sobre Perdas e Danos: negacionismo, lawfare e neofascismo no Brasil

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    Reações dos bolsonaristas ao atentando contra Kirchner são sintomáticas

    "Logo após o atentado contra Cristina Kirchner, as redes bolsonaristas foram tomadas por comentários que representam o ódio que forma o núcleo duro deste campo"

    Atentado contra Cristina Kirchner (Foto: Captura de vídeo/reprodução)

    Por Cesar Calejon, para o 247

    Após o atentado desta quinta-feira (1º), quando o terrorista brasileiro Fernando Andrés Sabag Montiel tentou balear Cristina Kirchener, as redes sociais e os grupos de WhatsApp bolsonaristas foram imediatamente tomadas por comentários que representam claramente, de forma sintomática, o ódio irrestrito que forma o núcleo duro da proposta sociopolítica por trás do bolsonarismo. 

    Sem o menor pudor ou compasso moral, milhares de bolsonaristas passaram a avançar, fundamentalmente, duas ideias centrais com relação ao ocorrido: (1) o falso atentado teria sido orquestrado pela esquerda “comunista” e (2) lamentos pelo fato do terrorista brasileiro não ter conseguido alvejar a cabeça da vice-presidente argentina à queima roupa. 

    Frases como “fruto do comunismo”, “podia (sic) ser o molusco e dar certo”, “puxa, que azar dos argentinos”, “herói”, “lamentável a arma ter falhado”, “não matou? Que penaaaaaaa” tomaram conta das redes sociais digitais e de grupos privados de WhatsApp que defendem a candidatura de Jair Bolsonaro e, direta ou indiretamente, as ideias de caráter nazifascista que tais comentários inevitavelmente expressam. 

    Segundo o jornal Clarín, o próprio Sabag Montiel tem o corpo marcado com tatuagens de símbolos nazistas e acessava perfis de grupos extremistas nas redes sociais. Uma das marcas que ele tem no corpo é o “sol negro”, uma combinação de três símbolos da ideologia nazista: a roda solar, a suástica e a runa da vitória. 

    Muitas vezes durante os últimos anos, Bolsonaro utilizou, abertamente, símbolos associados ao nazismo, recebeu parlamentares alemães que se identificam com o nazismo e teve em seu gabinete ministerial figuras que copiaram a estética e a filosofia do terceiro reich de forma descarada.

    Considerando o nível de ódio e animosidade que o bolsonarismo destilou na sociedade brasileira nos últimos três anos e meio, todo o cuidado a ser tomado com a segurança de Lula ainda é pouco. Estamos entrando no período mais crítico das últimos cinco décadas no que diz respeito à violência política e possíveis atentados de todas as ordens.

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