Realmente temos que comemorar o G20 no Brasil?
OG20 é um puxadinho do G7, por meio do qual os países centrais tentam impor suas agendas
A mídia corporativa e alternativa não possuem palavras para expressar sua avaliação positiva da Cúpula do G20 no Brasil, seja na presença dos “líderes mundiais” que, segundo alguns, representa 80% do PIB mundial, seja nos acordos focados nos objetivos da agenda 2030 da ONU, em especial o combate à fome, à pobreza e a taxação dos super ricos.
Entretanto, toda esta festa esconde decisões que, em meu entendimento, apostam negativamente em um projeto soberano do país no longo prazo.
Em primeiro lugar, como bem anotou Paulo Nogueira Batista Jr, em entrevista ao Leonardo Attuch no Canal Brasil 247, o que é o G20? Ele apenas funcionou quando os países centrais precisavam coordenar ações de enfrentamento em 2008 da maior crise econômica internacional desde 1929.
Eu diria, o G20 é um puxadinho do G7, por meio do qual os países centrais tentam impor suas agendas. Seus discursos grandiloquentes não se traduzem em compromissos jurídicos e políticos. E boa parte desses líderes, como bem lembra Rui Costa Pimenta, são um bando de cúmplices do genocídio promovido por Israel na Palestina ocupada e no Líbano.
A Cúpula do G20, é expressão de uma avaliação da diplomacia brasileira liderada pelo Itamaraty, que entende que os conflitos atuais entre os EUA e o Ocidente Coletivo e a Rússia e a China como uma política de blocos de grandes potências e na qual o Brasil deveria tornar-se equidistante, praticando sua neutralidade ativa, que é o outro nome de uma política atlanticista e que se acovarda diante das pressões do imperialismo.
Por sinal, diferente de Nicolás Maduro, o governo cujo o presidente é o maior líder popular da esquerda latinoamericana, não possui espaço para uma crítica ao imperialismo que é a raiz da fome, pobreza e concentração de renda e dos conflitos bélicos no mundo. Recentemente, o presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, declarou que 95% dos atos terroristas no planeta são promovidos pelos EUA.
Após 500 anos de dominação, a Europa e seus filhos bastardos voltam para o lugar de onde nunca deveriam ter saído, a periferia do mundo sem grande contribuição a dar além de roubos e pilhagens. Os povos do Sul Global, liderados por Estados-Civilização como Rússia, China e Irã, estão propondo uma nova ordem internacional, mais justa, equitativa e que assegure a todos os povos o direito ao desenvolvimento econômico, organização política e bem estar da sua população. E, diferente do G20, estes projetos já estão se tornando realidade por meio de novas associações como BRICS+, Organização de Cooperação de Xangai, Fórum China-África e iniciativas como o Corredor Econômico China Paquistão, Corredor Norte Sul, portos, rodovias e ferrovias por toda Ásia, África e América Latina, como o porto de Chancay no Peru, recentemente inaugurado.
Por sinal, a visita de Estado promovida pelo presidente Xi Jinping, da República Popular da China, que hoje, 19 de novembro, se inicia, como sabemos, será o momento de aprofundamento da parceria estratégica entre o Brasil e o gigante asiático e despejar bilhões em investimentos e comércio bilateral.
Entretanto, por receio da reação dos EUA, que não tem nada a oferecer a nós, além de subdesenvolvimento e sucata de todo tipo, com a cumplicidade das elites locais, do mercado financeiro as universidades públicas e privadas, o Governo Federal não deverá declarar sua entrada na Iniciativa Cinturão e Rota, popularmente conhecida como Novas Rotas da Seda.
Como assinala Paulo Nogueira, não se trata de um contrato jurídico intrusivo como os acordos do FMI e do Banco Mundial, mas um memorando de entendimento, focado no desenvolvimento de infraestruturas logísticas que tanto precisamos, como por exemplo viabilizar o acesso ao gás natural da Argentina ou a ligação com o estratégico porto peruano. Logo, trata-se de um gesto político e de exercício de soberania.
Colocar os interesses brasileiros no centro da nossa atividade diplomática se constitui no maior desafio da esquerda do país e não se coaduna com abraços de monstros carniceiros do naipe de Trudeau, Macron ou Ursula von der Leyen.
Fontes:
Sobre a atuação dos EUA na América Latina vejam o artigo de Bernard do Moon Of Alabama
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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