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    Roberto Freire

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    Reencontro histórico e um novo rumo para o País

    A duradoura união entre PCB e PSB só seria interrompida em 1964, com o golpe militar, mas muitas das lideranças da Frente do Recife estariam juntas no Movimento Democrático Brasileiro

    A menos de um ano das eleições presidenciais, o Brasil vive um momento crucial em que as forças democráticas têm diante de si enormes responsabilidades. Os onze anos de governos do PT não foram marcados apenas por populismo exacerbado, incompetência na condução da economia ou escândalos de corrupção em série, mas também por um processo contínuo de degradação institucional do país. A ocupação da máquina pública pelos lulopetistas e o loteamento fisiológico de cargos entre seus aliados são facetas de um modelo que já se esgotou. Os usos e costumes políticos precisam ser refundados e, sobretudo, é fundamental que seja apresentada à sociedade brasileira uma real alternativa ao atual governo.

    É neste contexto que o PPS aprovou, em seu 18º Congresso Nacional, no último fim de semana, um indicativo de apoio à pré-candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), à Presidência da República. Trata-se, afinal, da união de forças políticas que se situam no campo democrático de esquerda e defendem um novo projeto para o país, além de um histórico reencontro entre o velho Partido Comunista Brasileiro (PCB), que deu origem ao PPS, e os socialistas.

    Esse fato nos faz lembrar da Frente do Recife, movimento político formado em Pernambuco no período constitucionalista de 1946, após o fim da ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas. As forças centrais do grupo eram justamente o PSB e o PCB, que aglutinaram outros partidos em torno de um programa progressista e passaram a disputar as eleições locais. A Frente conquistou a Prefeitura da capital pernambucana em 1955, elegendo Pelópidas da Silveira com os votos de dois terços do eleitorado. Em 1962, um ícone da história política brasileira, Miguel Arraes, foi eleito governador com o apoio dos comunistas.

    A duradoura união entre PCB e PSB só seria interrompida em 1964, com o golpe militar, mas muitas das lideranças da Frente do Recife estariam juntas no Movimento Democrático Brasileiro (MDB), em oposição à ditadura que perduraria por mais de 20 anos. O movimento político consolidado em meados dos anos 1950 havia, de fato, ultrapassado as fronteiras de Pernambuco e alcançado dimensão nacional.

    Em uma realidade em transformação e que impõe novos desafios às esquerdas em todo o mundo, o feliz reencontro simbolizado pela Frente do Recife, hoje reeditado sob novas bases, talvez possa nos servir como referência. O panorama desolador do país governado por Lula e Dilma nos últimos onze anos escancara a necessidade urgente de um novo rumo. O descalabro nas contas públicas, o esfacelamento da Petrobras, a desindustrialização acelerada, a estagnação econômica, a escalada da inflação, o aviltamento de instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF) e a sucessão de escândalos que transformam heróis petistas em presidiários fazem parte do funesto legado do PT ao Brasil, do qual precisaremos de alguns anos para nos recuperar.

    Às oposições, é fundamental contar com mais de uma alternativa no primeiro turno da eleição de 2014, além da igualmente legítima pré-candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG). O projeto apresentado ao país pelo governador Eduardo Campos, também apoiado pelo grupo liderado pela ex-senadora Marina Silva, é o que melhor representa as bandeiras da nova política e de um pensamento democrático de esquerda em oposição ao superado modelo do PT. O Brasil clama por um novo caminho.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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