Reforma da previdência é uma perversidade
O objetivo, no Brasil e em outros lugares, é desmantelar o único sistema público de proteção à velhice
Num país onde a desigualdade é um traço permanente da vida social, produzindo mazelas e sofrimentos conhecidos por todos, a perversidade da reforma da Previdência anunciada em Brasília surpreende apenas pela sua origem — o governo do presidente Lula e do ministro Fernando Haddad. Essa proposta não combina com a biografia de nenhum dos dois.
Com décadas dedicadas à defesa dos direitos dos trabalhadores e das camadas empobrecidas, em lutas que combinaram coragem e resistência ao ponto de fazer de Lula uma figura internacionalmente reconhecida, o ataque do grande capital ao sistema público de aposentadorias segue uma tendência global com interesses evidentes.
O objetivo, no Brasil e em outros lugares, é desmantelar o único sistema público de proteção à velhice criado no regime capitalista, atacando direitos conquistados após décadas de trabalho árduo, em uma história marcada por grandes mobilizações sociais e lutas políticas que dispensam lembranças detalhadas aqui.
Esse retrocesso inimaginável resultará em empobrecer idosos e idosas que trabalharam duramente a vida inteira, forçando muitos a depender da caridade de parentes mais abastados ou, eventualmente, da assistência pública. Do ponto de vista social, é um passo em direção ao empobrecimento e abandono. Do ponto de vista moral, é uma indignidade.
Por isso, entende-se a reação indignada de vários ministros na reunião em que foram informados sobre as mudanças em discussão. O clima esquentou, o que não surpreende. Em um governo que construiu programas de combate à miséria e distribuição de renda, enquanto o neoliberalismo espalhava pobreza e desigualdade pelo mundo, a defesa de uma velhice digna não é apenas uma questão de coerência. É exemplo e obrigação.
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* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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