Relembrar para jamais esquecer
Em 8 de janeiro, marcamos dois anos de um dos episódios mais sombrios da história recente do Brasil
Em 8 de janeiro, marcamos dois anos de um dos episódios mais sombrios da história recente do Brasil, a tentativa de golpe que invadiu as sedes dos Três Poderes em Brasília. Para lembrar este ataque à democracia, o presidente Lula promoveu um grande abraço simbólico na Praça dos Três Poderes. Foi um ato de resistência, união e memória, que reuniu movimentos sindicais, sociais e partidos políticos.
Naquele momento, o brado retumbante e uníssono era “Sem anistia!”. Não se trata de vingança, mas de justiça. Não podemos deixar que aqueles e aquelas que tentaram subverter o sistema democrático saiam impunes.
A história já nos ensinou o alto preço da impunidade. O golpe de 1964 abriu as portas para um regime ditatorial que silenciou vozes, censurou a imprensa, destruiu vidas e produziu cicatrizes que o Brasil carrega até hoje. Muitos dos responsáveis jamais foram punidos, e o resultado foi uma sociedade que ainda luta para lidar com as consequências dos sangrentos anos de chumbo.
Longe de ser mi-mi-mi, a radiografia dos atingidos pela repressão política durante os 21 anos de Ditadura Militar no Brasil está longe de ser concluída, mas os dados levantados até agora são mais que aterrorizantes. Segundo a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), 50 mil pessoas foram presas somente nos primeiros meses da ditadura militar e cerca de 20 mil brasileiros passaram por sessões de tortura. Além disso, existem 7.367 acusados e 10.034 atingidos na fase de inquérito em 707 processos judiciais por crime contra a segurança nacional; sem falar nas milhares de prisões políticas não registradas, nas quatro condenações à pena de morte, nos aproximadamente 130 banidos, nos 4.862 cassados, nas levas de exilados e nas centenas de camponeses assassinados.
Não podemos fechar os olhos. Precisamos relembrar, para que nunca mais aconteça. As novas gerações precisam conhecer a verdade, por mais dolorosa que seja. Temos uma democracia a defender, e isso exige firmeza. Deixar de punir os responsáveis pela tentativa de golpe do 8 de Janeiro cria um precedente perigoso, capaz de incentivar novos ataques ao sistema democrático brasileiro.
Sendo assim, o abraço dado em Brasília é uma metáfora poderosa e um recado claro de que a nossa democracia resiste e não se curva.
Sigamos vigilantes para impedir que o ódio, o autoritarismo e a intolerância encontrem terreno fértil em nossa sociedade. Os valores democráticos são inegociáveis e devem ser defendidos com todas as forças. Sem anistia! Sem esquecimento! Por um Brasil que jamais volte a flertar com o autoritarismo.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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