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    Ricardo Nêggo Tom

    Músico, graduando em jornalismo, locutor, roteirista, produtor e apresentador dos programas "Um Tom de resistência", "30 Minutos" e "22 Horas", na TV 247, e colunista do Brasil 247

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    Renato Trezoitão: o tresloucado defensor da “propriedade privada” escravocrata

    Imaginem alguém lamentando o fim do Terceiro Reich e dizendo que a culpa pelo insucesso do nazismo foi o fim do extermínio dos judeus, questiona Nêggo Tom

    Renato Amoedo (Foto: Reprodução)

    Não com espanto, assisti a um vídeo no qual quatro bolsonaristas bostejavam livremente ideias imperialistas, racistas e criminosas, sob a égide da análise política do período escravocrata e das consequências sócio econômicas da abolição da escravatura para os senhores de engenho do país. O influenciador baiano conhecido como Renato Trezoitão, um policial civil que se diz cristão, se acha um gênio e costuma exibir um currículo recheado de graduações, títulos e primeiros lugares em concursos públicos, disse que a Lei Áurea foi um erro que custou parte da propriedade privada dos escravocratas: Os negros escravizados. A pérola e os porcos, podem ser vistos no podcast “3 irmãos”, o mesmo onde o deputado bolsonarista Gustavo Gayer disse que o QI dos macacos é superior ao dos africanos.

    A genialidade do entrevistado é de deixar a autoestima de qualquer analfabeto nas alturas, posto que se um imbecil que ostenta tantos títulos acadêmicos afirma, sem nenhum pudor intelectual, que um dos motivos que motivaram o fim do Império foi o fim da escravização de seres humanos que, na opinião do gênio bolsonarista, trouxe impopularidade e insegurança jurídica à continuidade da Monarquia, qualquer um que não manifeste tamanha idiotia pode ser lido como um ser cognitivamente capaz. Pegue um monte de fezes, coloque numa embalagem de presente, acrescente um laço de fita e ofereça ao primeiro seguidor de Renato Trezoitão que encontrarem pela frente. Ele abrirá a embalagem, agradecerá pelo conteúdo libertador e o utilizará na cabeceira de sua cama como aroma inspirador. E os coliformes fecais verbalizados pelo bolsonarista logo foram absorvidos por um dos presentes à latrina estúdio que abrigava o debate.

    Wilker Leão, outro influenciador bolsonarista conhecido por atuar nos moldes dos vagabundos do MBL fazendo abordagens provocativas a políticos de esquerda, acrescentou que os portugueses já queriam acabar com a escravidão muito antes, mas foram impedidos pelos magnatas africanos que lucravam com a venda de negros. Uma prova de que aquilo que o gato enterra, além de não afundar, se converte em narrativa para revisionismo histórico. Renato Trezoitão, que parece conseguir se impor mais pelo belicismo do vulgo do que pelas, digamos, ideias que costuma expressar, emendou que o Império já havia proibido negros idosos de serem escravizados, se referindo a lei do sexagenário, que comtemplou a pouquíssimos negros, uma vez que a estimativa de vida para quem vivia sob a violência e indignidade da escravização não passava de 40 anos. Sem falar na indenização a título de alforria que o escravo sexagenário deveria pagar ao seu dono, sendo obrigado a prestar serviço aos seus ex-senhores durante três anos.

    As falas de “Trezoitão” não denotam somente desconhecimento histórico, ou uma história distorcida pela sua visão imperialista e escravocrata do mundo. Elas são racistas e criminosas, e carecem de uma manifestação por parte do Ministério Público pedindo explicações ao sujeito em questão, que ainda se refere aos pretos e pretas deste país como coisas, propriedades. A divindade bolsonarista ainda se orgulha de manifestar tamanha estultice e questiona aos demais participantes da latrina, se eles já tinham visto alguém dizer publicamente que a Lei Áurea pode ter sido um equívoco. Eu responderia que não, porque quase ninguém costuma defecar em público. No entanto, a concordância dos demais foi quase que silenciosa, só ficando mais evidente quando um dos apresentadores da fubanga youtuberiana disse que tinha medo de falar sobre o tema. Certamente, por saber que a sua opinião é criminosa. Imagine alguém lamentando o fim do Terceiro Reich e dizendo que a culpa pelo insucesso do nazismo foi o fim do extermínio dos judeus?

    O viés escravocrata e fascista que entusiasma parte da sociedade brasileira, se vê representado nas falas do tal “Trezoitão”. Mais um tresloucado que se acha acima da média da intelectualidade mundial, mas que não passa de um racista mediano com mania de grandeza. A mediocridade do tal professor de Direito é tanta, que ele se permite definir as relações de dominação de um ser humano sobre o outro como natural e legal, se referindo a Princesa Isabel como a mulher que por meio de uma canetada desvalorizou a propriedade dos senhores de escravos, e fez com que estes ficassem infelizes com uma Monarquia que, segundo o Einstein dos gados, existia para “manter a porra da relação natural e garantir os direitos dos cidadãos”, não devendo revogar o seu direito de possuir seres humanos escravizados sem promover indenização. O que nos leva a deduzir que Renato “Tresloucado” defende reparação histórica para os descendentes dos escravocratas.

    De caráter biltre, infame, sórdido e reacionário, a digressão acerca da dignidade humana feita pelo influenciador bolsonarista precisa lhe render uma punição pedagógica exemplar. Sobretudo, por estarmos falando de alguém que, além de servidor da segurança pública, segundo o seu currículo também foi Coordenador Adjunto do Curso de Direito da Faculdade Batista Brasileira – FBB e Professor substituto da UFBA. Não é possível que sigamos naturalizando falas e comportamentos que violam direitos humanos e atentem contra a democracia. A burrice diplomada deste sujeito pode ser até motivo de risos infinitos, mas a periculosidade de suas intenções necessitam de um enquadro nos rigores da lei. É o que esperamos por parte do Ministério Público.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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