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    Roberto Moraes

    Engenheiro e professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ)

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    Resultados da Globo S.A. em 2023: lucros salvos mais uma vez pelas receitas financeiras

    "Por esses dados citados é fácil deduzir e entender porque a mídia corporativa luta tanto pela lógica financeira em seus noticiários", diz Roberto Moraes

    (Foto: Reprodução)

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    Os resultados da Globo S.A. em 2023 mostram que as receitas das aplicações financeiras salvam mais uma vez o balanço do Grupo Globo. Receita financeira de R$ 2 bilhões levou ao lucro líquido geral de R$ 837 milhões (33% menor do que os R$ 1,2 bilhão de 2022) na soma de todos os negócios do grupo. Desta receita financeira de R$ 2 bilhões em 2023 se pagou R$ 1,5 bilhão de serviço das dívidas que totalizam R$ 5 bilhões. 

    Essa receita financeira não foi citada na matéria que o Valor (Grupo Globo) veiculada ontem (28/03/2024) na P.B6. Ou seja, novamente, as receitas de aplicações financeiras salvam o balanço da Globo S.A., apesar da receita total líquida ter atingido a R$ 15,1 bilhões.

    Esse valor de R$ 2 bilhões de receitas financeiras em 2023, comparados aos R$ 15 bilhões de receita total, é mais uma prova sobre como a financeirização entra em todos os negócios da economia real. Em 2023, na Globo S.A. contribui com 13,2% da receita total, mas é fundamental para o lucro líquido ao final do balanço.

    A holding Globo diz ainda em seu balanço ter R$ 14,2 bi em caixa e que as despesas e seus custos diminuíram. Porém, é bom que se diga que em boa parte com demissões de pessoal. Em 2023 tinham 11 mil trabalhadores, 2 mil a menos do que em 2022, quando eram 13 mil funcionários e já chegaram a ter 15 mil trabalhadores, hoje chamados de colaboradores. A Globo S.A. pagou em 2023 um total de R$ 1,071 bi de salários, valor inferior aos 1,109 bi de 2022, sem considerar a inflação e mesmo sabendo que a "pejotização" é muito presente em todo o grupo.

    [Ver postagem do blog em 28 de março de 2023: "Globo S.A. um grupo cada vez mais financeiro".

    As receitas operacionais da Globo S.A. em 2023 foram, em boa parte, de publicidade, 63% (+2%) com 37% de conteúdo (-6%). Menos pessoas, menos conteúdo produzido.

    De outro lado, cada vez mais o grupo Globo tem menos receita com TV paga e mais receita com o streaming Globo Play, reflexo também da plataformização, cuja quantidade exata de assinantes, não é informada, embora diga ter cerca de "20 milhões de pessoas passando por essa plataforma".

    Não é necessário falar de outros números. Apenas por esses dados citados, é fácil deduzir e entender porque a mídia corporativa luta tanto pela lógica financeira em seus noticiários.

    Não é só a defesa da lógica dos bancos, seus principais anunciantes, é a receita própria de seus investimentos financeiros que se misturam aos dos demais negócios.

    Plim-plim & dim-dim juntos, misturam o rentismo às atividades de comunicação e negócios da TV Globo (aberta e canais fechados ou a cabo); Globo Play; Globo.com; G1, GE; Gshow; Editora Globo; O Globo, valor. Gestora de fundos Globo Venture; Sistema Globo de Rádio, etc.

    PS.: Evolução de resultados (lucro ou prejuízo) da Globo Comunicação e Participações S.A. entre os anos de 2017 e 2023. Como se vê, o grupo Globo não voltou mais ao patamar de lucratividade que chegou a ter até o período em torno do golpe parlamentar-midiático-jurídico-político de 2016.

    2017 R$ 1,8 bi;

    2018 R$ 1,2 bi;

    2019 R$ 752 milhões;

    2020 R$ 167 milhões;

    2021 - R$ 173 milhões (prejuízo);

    2022 R$ 1,2 bilhão;

    2023 R$ 837 milhões.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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