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    Rodrigo Vianna

    Jornalista desde 1990. Passou por Folha, TV Cultura, Globo e Record; e hoje apresenta o "Boa Noite 247". Vencedor dos Prêmios Vladimir Herzog e Embratel de Jornalismo, é também Mestre em História Social pela USP. Blogueiro, integra a direção do Centro de Estudos Barão de Itararé.

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    Roberto Dias, o homem da propina, tinha cargo de confiança no governo da mulher de Ricardo Barros no Paraná

    "Acusado de pedir propina na compra de vacina, Dias foi diretor-geral de Secretaria de Infraestrutura no curto governo de Cida Borghetti; também integrou o Conselho do Porto de Paranaguá, como mostram documentos e atas", denuncia Rodrigo Vianna. Ele foi exonerado nesta terça (29)

    Cida Borghetti, Bolsonaro, Ricardo Barros e Roberto Dias (Foto: Reprodução/Facebook | Anderson Riedel/PR)

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    Por Rodrigo Vianna

    O líder do governo Bolsonaro, Ricardo Barros (PP-PR), tentou negar suas ligações com o funcionário do Ministério da Saúde Roberto Dias, que teria pedido propina para efetivar a compra de vacina, conforme denúncia do jornal Folha de S. Paulo. Em nota publicada nas redes sociais, Barros disse que não fez a indicação e que a nomeação ocorreu no início de 2019, quando ainda "não estava alinhado ao governo" Bolsonaro.

    A versão não se sustenta.

    Há provas documentais das ligações de Roberto Dias com o grupo de Barros, especialmente com a mulher dele, Cida Borghetti - que exerceu o cargo de governadora do Paraná durante 8 meses em 2018, quando Beto Richa (PSDB) deixou a função abrindo então espaço para sua vice.

    Este jornalista recebeu de uma fonte no Paraná registros da nomeação de Roberto Dias para cargo comissionado na Secretaria de Infraestrutura e Logística (SEIL), em 24 de abril de 2018, exatos dezoito dias após Cida Borghetti assumir o governo.

    Alguns meses depois, Roberto Dias participou de reunião da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Infraestrutura do Paraná – Agepar, na sede da Federação das Indústrias daquele Estado.

    Dias participou do encontro na qualidade de Diretor Geral da SEIL paranaense. Ou seja, era um "quadro" de confiança da dupla Cida Borghetti/Ricardo Barros.

    cida-borghetti

    Em abril de 2019, quando Ratinho Júnior já ocupava o governo do Estado, o nome de Roberto Dias surge na ata de reunião do Conselho de Administração da APPA - órgão responsável pela gestão do Porto de Paranaguá. Dias assina a ata como "vice-presidente" do Conselho, sinecura à qual só teve acesso graças à proximidade com os poderosos paranaenses.

    Quem acompanha a política do Paraná diz que Dias é conhecido pela ambição, mas também pela incompetência na gestão. Ainda assim, foi levado para cargo de confiança no Ministério da Saúde no início do governo Bolsonaro, na gestão de Luis Henrique Mandetta, que tenta se apresentar como um "homem de bem", "limpo". Por que Dias ganhou o cargo? Quem indicou? Mandetta pode esclarecer...

    Roberto Dias não tem peso nem importância para agir em nome próprio. Atuava como representante de um "grupo". As informações que chegam do Paraná indicam claramente a qual "grupo" ele pertence. 

    É quase impossível desvincular Roberto Dias de Ricardo Barros, o poderoso líder bolsonarista. Dias atuava no Ministério como operador dos interesses de Ricardo Barros, afirmam jornalistas que conhecem os subterrâneos de Brasília. É muito provável que já fosse um operador do grupo quando ainda agia nas sombras das araucárias paranaenses.

    Dias foi demitido por Bolsonaro, horas depois da denúncia de que pediu propina para comprar vacina. Os próximos dias vão indicar se Ricardo Barros vai abandonar o companheiro ferido no meio do campo de batalha - como fizeram os tucanos paulistas com Paulo Preto, caixa informal do PSDB junto a empreiteiras.

    Se isso acontecer, o operador paranaense pode se transformar no homem-bomba de Brasília. E os estilhaços vão atingir não só Barros mas também a família que tomou de assalto a Casa de Vidro no Planalto Central.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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