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    Milton Alves

    Jornalista e sociólogo

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    Salomão [1953-2025], coerência até o fim

    Salomão foi para o andar de cima, mas seu exemplo fica aqui embaixo, para um dia em que o formigueiro transbordar

    Roberto Elias Salomão (Foto: Reprodução)

    Por Milton Alves* - A cerimônia de despedida do companheiro e amigo Roberto Elias Salomão na quarta-feira (29) foi carregada de emoção e das lembranças de seus familiares, amigos e de dirigentes e militantes do PT. Centenas pessoas passaram em seu velório para um último e comovido adeus.

    A longa trajetória de Salomão teve início na Escola de Comunicações e Artes da USP. Sua militância vem da origem da Corrente O Trabalho do PT, desde 1975 até 1987, corrente à qual, depois de ter sido presidente do PT-PR em 1998-1999, decidiu retornar em 2013.

    Em 1975, Salomão foi um dos líderes da longa e vitoriosa greve dos estudantes da ECA. Formado em jornalismo, trabalhou em diversos órgãos de comunicação em São Paulo e no Paraná.

    Em 1980, mudou-se para Curitiba, e teve um papel destacado na fundação do partido no estado.

    Atualmente, integrava a executiva estadual do PT e o Diálogo e Ação Petista (DAP), coletivo de petistas que reconhecem o partido como um instrumento político construído pela classe trabalhadora e que atuam no seu interior em defesa dos interesses programáticos dos trabalhadores.

    Salomão foi coerente até o fim na defesa do que acreditava, algo raro nos dias de hoje. Um construtor do Partido dos Trabalhadores (PT), mas crítico duro aos erros políticos e a burocratização do partido. Respeitado pela militância de base, e visto como um idealista por dirigentes partidários e pelos petistas que hoje ocupam postos no governo Lula III.

    Tragado por um câncer terrível e fulminante, não deixou de lado a luta, participou da última campanha eleitoral, anteviu o grave erro da tática eleitoral de apagamento do PT em Curitiba, apontou com argúcia a tragédia anunciada da Frente Ampla no governo Lula III, e alertou para o risco de uma deriva neoliberal no próprio governo do PT.

    Salomão foi uma voz da coerência e do compromisso com um projeto de esquerda para o país. Era também um militante internacionalista, um firme e ardoroso defensor do povo palestino.

    Salomão foi para o andar de cima, mas seu exemplo fica aqui embaixo, para um dia em que o formigueiro transbordar.

    Por último, foram muitas as mensagens, fotos, textos e artigos publicados nas redes sociais, sites e jornais, que serão reunidos para a edição de um livro com o registro do legado e da memória de Salomão, um exemplo de ser humano e militante político.

    *Colunista em diversos portais e sites da imprensa progressista e de esquerda, autor dos livros ‘Brasil Sem Máscara – O governo Bolsonaro e a destruição do país [Kotter, 2022] e de ‘Lava Jato, uma conspiração contra o Brasil’ [Kotter, 2021], entre outras obras. Ativista político e social. É militante do PT em Curitiba.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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