São Paulo não pode eleger o inelegível
Lutamos tanto para tirar Bolsonaro da presidência e agora corremos o risco de tê-lo mandando na política na cidade de São Paulo, mesmo inelegível até 2030
Na ausência de uma base social fortalecida, Ricardo Nunes, desconhecido pela população, está em uma situação difícil em busca de onde se apoiar para uma possível reeleição para a Prefeitura Municipal de São Paulo em 2024. Para tentar seguir representando os interesses dos mais ricos e conservadores, desde maio ele tem corrido atrás de Jair Bolsonaro em busca de seu apoio.
Até então, havia uma disputa entre Nunes e Ricardo Salles, ex-ministro do Governo Bolsonaro responsável pelo aumento do desmatamento da Amazônia, para definir quem seria o candidato do bolsonarismo em São Paulo. E nesse caso tinha muita gente torcendo pela briga.
Bolsonaro e sua cúpula tiraram Salles do jogo e, mais recentemente, as aproximações com o prefeito de São Paulo têm se intensificado, com a possibilidade do ex-presidente indicar um candidato a vice-prefeito para Nunes. Eles têm organizado encontros, na presença de empresários, para conspirar sobre como seguir piorando a situação de vida dos paulistanos e em encontro nesta última segunda-feira (7) afirmaram que “falta pouco” para fecharem acordo. O que demonstra que a direita e extrema direita estão fazendo um esforço para estarem unidas na prefeitura de São Paulo, apesar da base do bolsonarismo mais radical estar resistente a apoiar Ricardo Nunes.
Em recente levantamento de intenção de votos, Eduardo Bolsonaro, filho de Bolsonaro, pontuou 18% de intenção, Guilherme Boulos bem à frente com 26%, Ricardo Nunes com 6% e Tabata Amaral com 5%.
Caso essa aliança se condolide e vença as eleições, seria uma tragédia para a nossa cidade, que está completamente abandonada desde 2017. A gestão de Ricardo Nunes é uma catástrofe, o povo está abandonado e jogado à própria sorte. Sofrendo e atingidos por enchentes, péssimas condições de transporte público, sem acesso à saúde, educação, moradia, com fome, desemprego, violência policial, assim por diante.
Por exemplo, existem 12 vezes mais casas vazias em São Paulo do que pessoas em situação de rua, que chegam a 52 mil pessoas, e a prefeitura não toma medida alguma em relação a isso. Ano após ano a sociedade se une em campanhas do agasalho, pois pessoas morrem de frio nas ruas de São Paulo, e nada é feito.
Mas afinal, quem é Ricardo Nunes? Ele é do MDB, que teoricamente faz parte da base do Governo Federal, mas na calada da noite se articula com Bolsonaro, com o fascismo e com a extrema direita. Como não tem ações de governo e políticas sociais para prestar contas ao povo, despendeu R$227,7 milhões de reais em propaganda institucional em 2022, a maior dos últimos 12 anos e a segunda maior da história. E não é de se surpreender que recebeu mais de R$30 mil de uma empresa envolvida na máfia das creches, esquema que superfaturava o aluguel de conveniadas da prefeitura.
Enquanto isso, a Prefeitura de São Paulo bate recordes de dinheiro em caixa, chegando a R$34 bilhões e aprova na Câmara Municipal um Plano Diretor que beneficia os especuladores imobiliários e prejudica o povo e a cidade. Ou seja, quando se trata de beneficiar os poderosos, Ricardo Nunes é eficiente.
Já Bolsonaro, deixou uma herança maldita para o conjunto da população brasileira após o seu governo. Somou escândalos de corrupção, suas políticas econômicas que só prejudicaram os trabalhadores e trabalhadoras, como por exemplo, a aprovação da autonomia do Banco Central, que neste momento mantém há mais de 1 ano a taxa básica de juros a mais de 13%. Essas políticas foram combinadas com o fortalecimento de suas bases fascistas, através das escolas cívico-militares ou a facilitação de acesso a armas, por exemplo. Sem contar o genocídio que promoveu ao negligenciar a ciência no combate à pandemia da COVID-19, sendo responsável por mais de 300 mil mortos.
Lutamos tanto para tirar Bolsonaro da presidência e agora corremos o risco de tê-lo mandando na política na cidade de São Paulo, mesmo estando inelegível até 2030. Quando, na verdade, ele deveria estar preso e pagando pelos crimes que cometeu ao longo de sua gestão na presidência. Inclusive, Bolsonaro participar das eleições de 2024 é um passo na sua estratégia e de seu partido (PL) para a disputa da presidência em 2026.
Um governo péssimo como este de Ricardo Nunes, aliados com o governo estadual de Tarcísio de Freitas, que, por exemplo, implementou uma política de material didático digital nas escolas que mal louza tem para os estudantes e professores, que estão tendo que imprimir os materiais, demonstrando que não conhece a realidade do estado que governa. Também, quer entregar a Sabesp para quem só pensa em lucro.
Essa combinação pode gerar uma situação de calamidade em uma das principais cidades da América Latina e do mundo, e nós, que moramos nesta cidade temos o dever de lutar para evitar esta tragédia.
As forças populares e progressistas, incluindo os movimentos populares, precisam estar unidas e preparadas para enfrentar esse desafio no próximo período. Por isso o PT, em seu encontro no último sábado (5), apontou apoio a Guilherme Boulos para a prefeitura de São Paulo, bem como indicará um (a) candidato (a) a vice. A direita e extrema direita está sabendo se unir para nos derrotar e, mais uma vez, está em jogo a nossa capacidade e a necessidade de derrotar o fascismo, o neoliberalismo e o fascismo nas urnas e devolver São Paulo ao povo, como disse Boulos em seu discurso de agradecimento pelo apoio recebido do PT.
Para evitar em São Paulo uma vitória das forças do bolsonarismo e fascismo, contem sempre com a Central de Movimentos Populares e nossa ação militante para eleger um governo democrático-popular e uma forte bancada de vereadores, incluindo lideranças de movimentos populares. São Paulo não está à venda. Vamos construir uma São Paulo justa do ponto de vista econômico, social, ambiental e cultural. Com efetiva participação e protagonismo dos movimentos populares.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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