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    Sérgio Fontenele

    Sérgio Fontenele é jornalista e comentarista político

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    Selic segue sabotando o desenvolvimento nacional

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acertou na mosca ao apontar para os danos da taxa básica de juros à economia nacional, continuamente deprimida

    Logo do Banco Central na sede da instituição, em Brasília 15/01/2014 (Foto: Ueslei Marcelino / Reuters)

    Por Sérgio Fontenele

    O intenso debate em torno da Selic, a taxa básica de juros – hoje fixada em 13,75% –, veio em boa hora chamando a atenção do público para o que parecia invisível há poucos dias, mas de profundo impacto na vida do País, incluindo a população brasileira. O eclodir dessa pauta despertou o interesse não apenas à Selic – a mais alta taxa básica de juros de todo o planeta –, mas para suas consequências nos juros dos cartões de crédito, nos correspondentes às operações financeiras de maneira geral, empréstimos, na economia como um todo.

    Responsável pelo início da discussão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acertou na mosca ao apontar para os danos da taxa básica de juros à economia nacional, continuamente deprimida. Com a Selic mantida artificialmente na estratosfera, o crescimento do País está contido e, sem a elevação do Produto Interno Bruto (PIB), não há geração expressiva de empregos. Como se sabe, mais novos postos de trabalho podem impactar no aumento da renda e consequentemente do consumo, o que resulta em desenvolvimento.

    Os manuais de economia ensinam que empregos contribuem de modo a reduzir as desigualdades sociais, ou seja, permitir que mais contingentes populacionais deixem situações de pobreza e extrema pobreza e evoluam para classes sociais melhor beneficiadas. Nesse sentido, aqueles que superam o quadro de miséria, ou seja, fome ou insegurança alimentar, podem passar a integrar a Classe D da pirâmide social, correspondendo à pobreza. Já aqueles classificados na D podem migrar à Classe C, também denominada Classe Média Baixa.

    Desenvolvimentismo impossível

    Com a taxa básica de juros em 13,75%, seria impossível implementar uma política econômica desenvolvimentista por parte do Governo Federal, e nada desse esquema de mobilidade social poderia acontecer, decretando, com efeito, o fracasso socioeconômico – e político, por que não dizer? – da gestão Lula 3. Pior, a Selic inflada impediria qualquer estratégia de crescimento da economia, asfixiada por juros escorchantes, portanto, inibidores ou inviabilizadores do crédito e investimento produtivo.

    O certo é que, sem desenvolvimento, não há como distribuir renda às camadas menos favorecidas, vítimas preferenciais das políticas neoliberais, cujo receituário prevê o esvaziamento do estado, o fim do financiamento público da atividade econômica produtiva e a explosão da especulação financeira, por exemplo. Com o advento do Banco Central (BC) “independente”, desde 2019, o governo perde muito de sua capacidade de investir, induzir a retomada da economia, implantar novos clusters, explorar novas linhas de atividade…

    Então, o BC, cuja tomada de decisões independe do Palácio do Planalto, por sua vez dependente do mercado, por origem, conveniência ou vilania, sustenta políticas monetárias destinadas apenas e tão somente a maximizar lucros do rentismo, da especulação. Não adianta sugerir que o patamar da Selic se justifica em função das supostas incertezas da política econômica do governo Lula, insinuando expectativa de irresponsabilidade fiscal. Manter a Selic no atual patamar pode sabotar qualquer esforço de desenvolvimento nacional.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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