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    Matheus Brum

    Mineiro de Juiz de Fora, jornalista e escritor

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    Sem consumo, empresas não se mantém

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    Olá, companheiros e companheiras. Tudo bem? Nesta semana estamos todos sendo bombardeados com as informações sobre o fechamento da fábrica da Ford no Brasil. Além de diversas análises sobre o fim das atividades em si, também há a perspectiva de que outras indústrias deixem o país em breve, afetando ainda mais a crise do desemprego que bate na porta de mais de 14 milhões de brasileiros. 

    Nas diversas análises que li, de vários economistas, poucos abordam o motivo real do fechamento da indústria (até porque muitos são coniventes com a ideologia econômica do atual governo): o encarecimento do preço de produção e a diminuição da procura. 

    Com o dólar batendo na estratosfera e uma redução da renda familiar, alguns bens, como o carro, passam a ser supérfluos. Lembra daquele parente que trocava de veículo todo ano? Ou aquele amigo que tinha moto e carro? Pois é... pessoas assim estão mais difíceis de encontrar. Não há mais condições financeiras de ficar adquirindo veículos a bel prazer conforme vimos na década passada, por exemplo. 

    Nem vou entrar no mérito do preço da gasolina, que também contribui para retirar veículos das ruas, ou do aumento substancial de motoristas de aplicativo – que escancaram o drama do emprego e da informalidade no país. A verdade é: o consumo diminuiu e fabricar os produtos, no caso da Ford os carros, ficou caro. Em nenhum lugar do mundo um comércio se mantem desta maneira. 

    É difícil para os liberalóides brasileiros compreenderem algo básico: a roda da economia só funciona com o consumo. A queda do PIB brasileiro foi menor graças ao auxílio emergencial. As parcelas de R$1.200, R$600 e R$300 contribuíram para manter o mercado, principalmente o de serviços e alimentos, minimamente aquecidos. Tanto é que tivemos aumento da inflação no setor alimentício, já que a procura foi maior que a demanda em alguns casos. Só ver o crescimento do preço das cestas básicas em algumas capitais. 

    Agora, sem o Auxílio, com o arrocho salarial que vivemos, com o dólar alto e sem a perspectiva de melhora econômica no curto prazo por causa da briga pela vacinação, o cenário de 2021 se torna catastrófico. Empresas multinacionais como a Ford já perceberam isso. Vai faltar dinheiro para consumir e o dólar deve aumentar ainda mais, encarecendo os materiais usados na fabricação de carros. Eles simplesmente se anteciparam. Não quiseram “pagar pra ver” o cenário se deteriorar e os prejuízos baterem na porta, para saírem do país. 

    Óbvio que o Governo Federal tenta mudar o enredo e culpar os “incentivos fiscais”. É claro que eles são ruins e foram muito usados nos governos do PT, principalmente na gestão Dilma. Mas não são a causa maior do problema. Por mais subsídio que se dê, o prejuízo vai chegar pois não haverá venda. E sem vender, a conta não vai fechar. 

    É preciso, de maneira urgente, fazer a roda girar. Injetar dinheiro para que as pessoas possam consumir. Desta maneira, as empresas terão lucro, novas podem se instalar no Brasil, e teremos condições de sair da crise. Ou então, de fato, o país ficará quebrado. 

    Em tempos, nesta discussão, é necessário pensar no papel dos governos Lula e Dilma na questão industrial. É inconcebível que durante 13 anos não tenha se desenvolvido um projeto de fomento da indústria nacional. Pelo contrário, houve redução. Desde o governo Temer, se acentuou. Mas, mesmo durante a gestão petista, as coisas não estavam funcionando da maneira como deveriam. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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