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    Matheus Brum

    Mineiro de Juiz de Fora, jornalista e escritor

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    Sem tanto desespero! Bolsonarismo é menor do que imaginamos

    Bolsonaro pode ter tido mais votos em 2022 que em 2018, mas não significa o bolsonarismo mais forte. O comparecimento às urnas foi maior que no pleito passado

    (Foto: Reprodução | Alice Marko de Souza | ABR)

    Olá, companheiros e companheiros. Espero que para todos e todas a ressaca eleitoral tenha terminado, passados alguns dias da apuração da eleição. Apesar de muita tristeza inicial, com a cabeça mais fresca dá para fazer uma análise melhor sobre o retrato do Brasil que se encaminha para o segundo turno. 

    É obvio que todos e todas que estão lendo gostariam de uma vitória em 1º turno. No entanto, não ocorreu. Só que a eleição de expoentes do bolsonarismo como Hamilton Mourão, Sérgio Moro, Damares Alves, Tereza Cristina, entre outros, trouxe a sensação de que o bolsonarismo voltou a varrer o país. 

    Só que a análise pura dos números mostra que não é bem assim. A eleição destes nomes, ao meu ver, está mais associada à dificuldade dos brasileiros e brasileiras na hora de escolher um deputado federal, estadual e senador. 

    Ouvi diversos relatos de amigos de várias cidades mineiras e de outros estados de gente na fila para votar pedindo indicação de voto para deputado e senador. As pesquisas, mesmo que tenham errado alguns cenários, mostraram uma coisa que é real: havia muita indefinição nos votos para deputados e senadores. Você que está lendo pode ter sido um desses. 

    Bolsonaro pode ter tido mais votos em 2022 que em 2018, mas não significa que o bolsonarismo é mais forte. O comparecimento às urnas neste ano foi maior que no pleito passado. E o número de votos em branco ou nulo também reduziu entre as duas últimas votações. 

    Muitos votaram no Bolsonaro por uma posição anti-PT e anti-Lula. Assim como muitos votaram no petista por serem antibolsonaristas. Aliás, a oposição ao Bolsonaro já é uma força política considerável. 

    Essa questão dos votos para deputados e senadores fica muito explícita ao olharmos os números com lupa. Em São Paulo, Lula teve quase 10,5 milhões de votos. Márcio França, candidato da chapa, recebeu pouco menos de 8 milhões. Para onde foi essa diferença entre os dois? Há a possibilidade de que eleitores do Lula tenham votado em Marcos Pontes, por exemplo. 

    E esses exemplos estão presentes em outros estados:

    · Em Minas, Lula teve 5,8 milhões de votos. Kalil, candidato a governador aliado, teve 3,8 milhões e Alexandre Silveira, candidato ao Senado, 3,6 milhões. Ou seja, eleitores do Lula votaram em Zema e Cleitinho (ou Aro). 

    · No Espírito Santo, Lula teve 897 mil votos. Rose de Freitas, candidata ao Senado, teve 747 mil votos. Uma parte dos 150 mil podem ter ido, por exemplo, para Magno Malta. 

    · No Piauí, Lula teve 1,5 milhões de votos. Wellington Dias, candidato ao Senado pela chapa petista, teve 962 mil. Os 600 mil remanescentes podem ter ido para Joel Rodrigues, candidato alinhado ao presidente Bolsonaro. 

    Isso significa que devemos ignorar o bolsonarismo? Não, muito pelo contrário. Mas também não podemos achar que é um “bicho de 7 cabeças”. Há de convir que a maioria dos nomes que foram eleitos são mais conhecidos. E ter o conhecimento do candidato, para quem decide na última hora, é fundamental para o voto. 

    Quem não conhece Moro, Mourão, Tereza Cristina, Marcos Pontes e Damares Alves? Foram peças do governo Bolsonaro e que tiveram uma superexposição na mídia ao longo dos últimos quatro anos. Isso, com certeza, pesa na hora do eleitor escolher o voto. 

    O que precisamos é fazer uma reestruturação na base, para que possamos voltar a conversar com as pessoas, apresentar a necessidade de projetos e, também, a importância dos Poderes da República no nosso dia a dia. 

    Sem isso, ficaremos presos ao culto à personalidade, à venda de voto, e à eleição de péssimos representantes. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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