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    Jeferson Miola

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    Sérgio Moro: uma toga a serviço do gangsterismo e do fascismo

    "A mídia oligárquica, liderada pela Globo, sempre agiu como cúmplice deste que é o maior crime de corrupção da história do Brasil, porque corrompeu o sistema de justiça e o Estado de Direito e violou a democracia", escreve Jeferson Miola

    (Foto: Adriano Machado/REUTERS)

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    Observação: este artigo foi publicado originalmente em 17 de março de 2016. Repercutia o vazamento feito pelo então juiz Sérgio Moro à Rede Globo de conversas telefônicas da presidente Dilma interceptadas ilegalmente e divulgadas criminosamente para impedir a posse do Lula na Casa Civil – ato que teria força para deter a dinâmica golpista em curso.

    A republicação do artigo vem a calhar neste momento de divulgação de novas-velhas revelações sobre o funcionamento mafioso da Lava Jato, em cujo vértice se encontra il capo di tutti capi, Sérgio Moro, teleguiado por Washington.

    Além de atualizar a memória sobre práticas ilícitas hoje escancaradas, o artigo também anotou, na época, a presença do Bolsonaro – ele mesmo, o genocida – já naquela conjuntura e no imaginário dos movimentos fascistas em ascenso.

    Desde o início se denunciava o banditismo institucional escondido por trás da retórica do falso combate à corrupção. A mídia oligárquica, liderada pela Globo, sempre agiu como cúmplice deste que é o maior crime de corrupção da história do Brasil, porque corrompeu o sistema de justiça e o Estado de Direito e violou a democracia.

    *** ***

    Iludem-se aqueles que dizem que a luta de classes acabou. Ela segue bem vigente, e adquire formas e métodos fascistas no Brasil. O sistema político brasileiro está de pernas pro ar. Quem dá as cartas não é o governo ou a oposição; não é o sistema político, mas sim o condomínio jurídico-midiático-policial.

    Prova disso é que os políticos que tiraram proveito das manifestações golpistas de 13 de março foram justamente os principais cães fascistas: o Senador Ronaldo Caiado e o Deputado Jair Bolsonaro, dois outsiders do sistema; enquanto Alckmin, Aécio, Serra et caterva foram vaiados.

    Aliás, Jair Bolsonaro é aquele Deputado que foi informado com antecedência pela força-tarefa da Lava Jato sobre o seqüestro do Lula dia 4 de março, e esperava em Curitiba, com um foguetório preparado, o jatinho da Polícia Federal trazendo Lula preso.

    O condomínio jurídico-midiático-policial, integrado por setores do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Polícia Federal e da mídia hegemônica – com a Rede Globo à frente – é a inteligência estratégica do golpe engendrado contra as conquistas democrático-populares. E é financiado pelo grande capital e serviços estrangeiros de governo, que usam ONGs e movimentos suspeitos como fachada.

    Hoje, 16 de março, o metódico e calculista Sérgio Moro não se agüentou; sua frieza siberiana foi abalada com a nomeação de Lula para a Casa Civil do governo Dilma. E por que isso? Simplesmente porque Moro sabe que, à parte o proselitismo cínico de que Lula quer ter foro privilegiado, na verdade a presença de Lula na condução do governo representa uma possibilidade real de estancar o golpe.

    O condomínio jurídico-midiático-policial entrou em pânico com o fato novo que pode alterar o curso dos acontecimentos em favor da legalidade, da democracia e das conquistas democrático-populares: Lula governando o Brasil com Dilma.

    Esse movimento no tabuleiro de xadrez obrigou Sérgio Moro a despir o disfarce de Juiz para vestir a camiseta preta do fascista em estado bruto.

    Numa cartada de alto risco, que pode inclusive comprometer sua própria carreira no Judiciário, Sérgio Moro vestiu a carapuça do gângster, de um bandido, e deixou exposto o crime que cometeu: ele interceptou ilegalmente o telefone da Presidente Dilma.

    Ele gravou e bisbilhotou a comunicação da Presidente da República. Esse é um caso inédito na história do Brasil, e talvez seja um caso inédito no mundo inteiro: um juiz que exorbita da sua função constitucional e atua como um justiceiro, movido por ódio político e ideológico.

    A Rede Globo, conglomerado implicado com as páginas mais sombrias da ditadura no Brasil, incensou este crime cometido pelo personagem obscuro que veste toga. Para destruir Lula e Dilma, a Globo se associa a um criminoso. Aliás, como sempre fez em toda sua trajetória. Brizola tinha razão: para saber o que é o melhor para o Brasil, basta observar a posição da Rede Globo e adotar o caminho oposto.

    A atitude criminosa do Moro deve ser levada à consideração do STF, do Conselho Nacional de Justiça e à Corte Interamericana de Direitos Humanos. É uma barbaridade, um atentado à ordem democrática que não pode ficar impune.

    É ilusão pensar que a atitude criminosa do Moro é o teto da ação terrorista e fascista que será empreendida para destruir Lula, Dilma, o PT e o conjunto da esquerda.

    Esta atitude criminosa do Moro é o piso; não é o teto; é a base a partir da qual eles organizam o combate encarniçado para enterrar as conquistas democrático-populares inauguradas em 2003 com o Presidente Lula. Eles vão desfechar muitas outras ações terroristas deste quilate para pior.

    Eles têm ódio do Lula porque têm ódio do povo. Para eles, é insuportável ver o povo simples, negro e humilde viajando nos mesmos aviões que eles e freqüentando as mesmas universidades que seus filhinhos mimados frequentam.

    Contra os fascistas e sua vilania, só a luta tenaz. A história do Brasil é pródiga em demonstrar que aqueles que resistiram e enfrentaram o fascismo venceram; e que aqueles que ou foram ingênuos ou desistiram, foram esmagados. Getúlio não ouviu a recomendação de Tancredo Neves, o avô do fascista Aécio e, ao invés de mirar o revólver em direção à oligarquia conspiradora, atirou no próprio coração. Jango, que não valorou com precisão a virulência golpista e não aceitou o apelo de resistência do Brizola, foi morrer no desterro. Brizola, ao contrário, intuindo a índole golpista, intolerante, racista e fascista da classe dominante, levantou barreiras pela Legalidade; e venceu.

    Este é um momento em que ou se resiste ou se é destruído. É a democracia que está em jogo. Nenhuma concessão ao fascismo, esteja ele onde estiver: no Parlamento, no Judiciário, na Polícia Federal, no Ministério Público ou nas ruas!

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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