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    Eric Nepomuceno

    Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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    Seria ridículo se não fosse perigoso

    "Se não fizerem o que ele quer, Jair Messias já deixou claro que se oporá ao resultado das urnas. E o que virá depois é fácil de pressentir"

    Bolsonaro e urnas eletrônicas (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino | REUTERS/Rodolfo Buhrer)

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    Por Eric Nepomuceno

    Conforme avançamos rumo às eleições, mais e mais tensa se faz a vida neste país destroçado pelo desequilibrado Jair Messias.

    Como figura de proa num barco rumo ao naufrágio, ele renova seu já formidável arsenal de ameaças que seriam ridículas se não fossem, ao mesmo tempo, mais e mais preocupantes e perigosas.

    A atual legislação eleitoral brasileira é bastante clara: os partidos devem definir seus candidatos até o dia cinco de agosto, o que foi feito. E depois têm dez días para registrar esas candidaturas no TSE, o que também foi cumprido.

    A partir do dia 16 de agosto fica autorizada a campanha nas ruas, e no dia 26 começa a propaganda no rádio e na televisão.

    Desde sempre esse claro e rigoroso calendário não é respeitado. Nunca antes, porém, se viu o que se vê agora: Bolsonaro não faz outra coisa que campanha desde que depositou o traseiro na poltrona presidencial, em janeiro de 2019.

    Tudo indica, segundo as pesquisas eleitorais respeitáveis, que Lula continua como franco favorito. Existe, embora remota, a possibilidade de que ele liquide a eleição já no primeiro turno.

    E é precisamente diante desse quadro que Jair Messias se move. Enquanto não consegue outra coisa que diminuir uns poucos pontos da vantagem de Lula, o ultradireitista desequilibrado se esmera em aumentar o tom furioso de seu discurso e a espalhar mais ameaças contra a democracia, tendo os integrantes que se dividem entre o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral como alvos favoritos. 

    Rodeado por altos oficiais da reserva, os generais empijamados, Jair Messias insiste em suas ameaças furibundas. Já deixou claro de toda claridade que não aceitará o resultado das urnas. Se os empijamados seguem na sua bajulação vexaminosa, os da ativa optaram por um silência sepulcral. Não há indício algum de que apoiariam o golpe anunciado por Jair Messias, mas nunca se sabe. A mais recente proposta do desequilibrado presidente é que a votação seja filmada. Ou seja: você entra na urna e quando for apertar o voto estará sendo gravado. De novo, seria ridículo se não fosse perigoso: sem filmagem, a eleição deixa de valer porque, claro, foi fraudada.

    Enquanto Jair Messias incendeia a boiada no chiqueirinho do Alvorada, nas redes sociais e em seus pronunciamentos demenciais das quintas-feiras, cresce o risco de violência descontrolada nas ruas.

    Se não fizerem o que ele quer, Jair Messias já deixou claro que se oporá ao resultado das urnas. E o que virá depois é fácil de pressentir.

    Ele anda dizendo que tem medo de seguir o camino de Jeanine Áñez, a senadora boliviana que deu um golpe, assumiu a presidência, caiu e agora cumpre dez anos de cadeia brava.

    Se isso acontecer com ele, Jair Messias já avisou que vai resistir de arma em punho, “atirando para matar”. Isso, claro, se conseguir engatilhar a arma, coisa que já mostrou não saber como se faz.

    Seja como for, é outra afirmação que seria ridícula se não fosse definitivamente perigosa.

    Desse mato não sai coelho, mas podem sair algumas feras endoidecidas. Toda atenção é pouca, todo cuidado precisa ser reforçado.

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    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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