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    Alex Solnik

    Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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    Só falta combinar com os russos

    "Se Bolsonaro quer mesmo se reeleger", "o governo tem que fazer vacinação em massa", afirma o jornalista Alex Solnik

    Vladimir Putin e Jair Bolsonaro (Foto: Clauber Cleber Caetano / PR)

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    Se esse governo quer mesmo que a economia cresça, se Bolsonaro quer mesmo se reeleger, se quer o bem dos brasileiros, deve tomar como prioridade não as reformas ou as pautas malucas da ala ideológica. O que o governo tem que fazer com urgência é vacinar em massa. E vacinar o quanto antes.

    Já caíram por terra as previsões catastróficas. “Vacina só daqui a dois anos e olhe lá”. “Talvez nem tenha vacina”.

    Não, vacina já tem. E a mais adiantada e a que pode ser entregue primeiro é a Sputnik V, da Rússia.

    Espero que o governo já saiba que a União Soviética não existe mais há 29 anos e que a Rússia é um país tão capitalista quanto o Brasil. Prova é que Putin já escalou um vendedor de luxo que está oferecendo o Santo Graal a nosso país, como afirmou na Folha de S. Paulo, em entrevista a Igor Giellow. “Reservamos para o Brasil 100 milhões de doses” afirmou Kirill Dmitriev.

    Podem até alegar que sou suspeito para falar de vacina russa, pois nasci naquelas bandas (mais precisamente na Ucrânia, mas tudo era União Soviética), mas não é isso; é que a Sputnik V, ora na fase 3, com 40 mil voluntários, se tudo continuar bem, pode chegar ao Brasil já em novembro. Nenhuma outra consegue essa marca.

    O governador da Bahia, Rui Costa (PT) já comprou 50 milhões de doses. No Paraná, chega em julho de 2021. Outros cinco governadores negociam com os russos. Mas seria importante o governo federal entrar nessa e abastecer todo o país.

    Quanto à segurança, tudo indica, segundo o vendedor de luxo, não haver dúvida, já que a matéria-prima é um adenovírus humano, cujo pior efeito colateral é uma gripe leve.

    A questão da vacinação é de máxima urgência. O país que vacinar primeiro sua população será o primeiro a voltar à normalidade. A população estará feliz por se livrar da peste. A economia voltará a girar como antes dela. O fantasma da penúria vai desaparecer.

    País que continuar funcionando a meio pau por muito tempo estará fadado a perder posições no ranking do PIB. Miséria ou riqueza das nações será decidida pela capacidade de vacinar o mais rapidamente possível.

    Imunizar o Brasil significa vacinar ao menos 60% da população de 200 milhões de habitantes, ou 120 milhões, e, como são necessárias duas doses, a demanda é de 240 milhões de doses.

    Esses números escancaram que uma vacina só não é o bastante. Não adianta o governo federal fechar só com a de Oxford. Nada impede – ao contrário, tudo recomenda – que compre todas as vacinas disponíveis, porque será o melhor investimento que o país fará: investimento na saúde da população e na saúde da economia.

    Governadores que vacinarem rapidamente seus cidadãos serão recompensados com a reeleição; os que fracassarem serão punidos nas urnas.

    O mesmo se dá no plano federal. Se Bolsonaro vacinar rapidamente os brasileiros e a economia voltar a girar até 2022 será difícil derrotá-lo nas urnas, mas se continuar em sua cruzada arrivista e irresponsável contra a vacinação, vai colher a tempestade que está semeando.

    E já que o Rodrigo Maia tem que fiscalizar Bolsonaro, seria muito bom se, em vez de reforma tributária ou administrativa, ele colocasse em votação uma lei que obrigasse o governo a comprar todas as vacinas disponíveis no mercado, pois não é gasto, é investimento no futuro.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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